Cadê as vagas de emprego?

Esta semana tivemos o feriado em comemoração ao Dia do Trabalhador, mas não há motivos pra festejar. Apesar de a conjuntura econômica estar se recuperando lentamente, no mercado de trabalho a situação ainda não melhorou. Conforme dados do IBGE, o número de desempregados no País no primeiro trimestre deste ano ficou em 13,7 milhões de pessoas.

Mesmo que a gente faça o comparativo anual e constate que o índice de desemprego tenha recuado 0,6 % e também considere a questão (normal) da queda de postos em virtude das contratações temporárias efetuadas no fim de ano pra dar suporte às vendas de Natal, a situação está longe de uma guinada favorável pro lado do trabalhador.

Reforma sem reflexo

Além disso, até agora, a Reforma Trabalhista não surtiu o efeito esperado, pois se acreditava que diante das mudanças nas leis trabalhistas, tornando-as mais flexíveis e favoráveis às contratações, o emprego com carteira assinada fosse aumentar.

Pode até parecer cedo pra essa análise, mas o desempregado tem pressa em conquistar uma vaga de trabalho. Afinal, as contas não esperam a situação melhorar.

Vagas despencam

A reportagem da Folha de São Paulo (27/04) que traz o título “Brasil perde 1 milhão de vagas formais por ano”, mostra que em março, o país mantinha 32,9 milhões de trabalhadores com carteira de trabalho assinada, representando o menor nível de trabalhadores formais desde 2012.

Esse dado representa queda de 1,2 %, ou seja, 402 mil pessoas, em relação ao trimestre anterior e de 1,5%, que corresponde a 493 mil pessoas, na comparação do mesmo período de 2017.

Exército só aumenta

Conforme a matéria, o Brasil já perdeu mais de 4 milhões de vagas com carteiras assinadas desde a crise econômica iniciada em 2014, o que significa a perda de cerca de 1 milhão por ano. Um ritmo acelerado, que despenca ladeira abaixo sem dó ou piedade.

Se criarmos um panorama, imputando esse índice, mais o impacto da 4ª Revolução Industrial que vai sacudir o mercado de trabalho nos próximos anos, mais a falta de qualificação para atender às atuais e as próximas demandas do mercado, a tendência é que o desemprego aumente. Qual será o tamanho desse exército de desempregados diante desse cenário?

O buraco é mais embaixo

Se já não fosse muito ter que lidar com essa triste realidade brasileira, me deparo com uma situação macro bem preocupante e que me incomodou bastante. Você sabe quantos desempregados existem no planeta terra e que atuam a informalidade? Está sentado?

São mais de 2 bilhões de pessoas sem contratos fixos ou carteiras assinadas (os dados não consideram pessoas fora do mercado de trabalho). A afirmação vem da reportagem da Agência Brasil (30/04), que aponta a migração dos desempregados para o mercado informal. Afinal, viver é preciso!

Na corda bamba

A tal matéria, intitulada “Empregos informais representam mais de 60% das vagas em todo o mundo”, foi baseada no Relatório “Mulheres e homens na economia informal” e acaba de ser divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostrando que a tendência do aumento da informalidade cresceu absurdamente.

O Relatório dividiu geograficamente o tamanho do problema da informalidade conforme os continentes. Então a paisagem mostra que a taxa da informalidade na África é de 71,9%; seguida da Ásia e Pacífico em 60%; Américas em 40% e Europa e Ásia Central ficou em 25%. Na América Latina o índice fica em 53%. Em suma: quanto mais pobres são as nações, mais informalidade!

Setores e informalidade

A agricultura é o setor que mais mantém emprego informal, chegando a atingir 93,6% dos trabalhadores.  Nas zonas rurais, o índice fica em 80%. Já na indústria, apesar de o dado ser menos pior, achei muito alto, pois ficou em 57,2%, enquanto a área de serviços, representa 47,2%. É muita gente trabalhando na informalidade, sem garantias, proteção ou direitos.

Em relação ao Brasil, a questão do desemprego é uma fotografia que registra um cenário desolador, o qual reflete na economia negativamente porque todos perdem: as empresas perdem competitividade, o país arrecada menos impostos e os trabalhadores? Um doce se você adivinhar pra que lado a corda arrebenta!

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