A área de Tecnologia da Informação (TI) é vista como um celeiro de criatividade e inovação, mas curiosamente está em constante movimentação em empresas de todos os portes, apresentando um grande déficit de profissionais. Uma pesquisa da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) projetou que em 5 anos a demanda por profissionais da área chegará a 797 mil novos talentos. Porém, o Brasil forma pouco mais de 50 mil pessoas na área, deixando claro que universidades não irão suprir tal demanda. E os profissionais 40+ podem ser a saída para equilibrar esse cálculo.
“Restringir esse mercado de trabalho apenas para jovens recém-formados é subestimar o potencial que profissionais mais maduros já possuem, em vários aspectos. Além disso, é contribuir para o agravamento de uma crise do mercado de TI, que a cada ano avança e não vê o contingente de trabalhadores caminhar de forma equitativa. É preciso investir em mão de obra qualificada, e isso profissionais 40+ tiram de letra”, afirma Christina Curcio, que depois de 25 anos como gestora de TI abriu a Icon Talent, empresa de recrutamento especializada na contratação de profissionais de tecnologia.
E qualificação está entre uma das características que vem trazendo mais possibilidades aos profissionais com perfis sênior, apesar de na prática, segundo Christina, a maioria das empresas flertar com jovens de 20 a 35 anos. “Infelizmente a gente ainda vê nos processos de seleção e recrutamento empresas dando preferência para pessoas mais novas”, revela.
No entanto, outra pesquisa revelou que o cenário para pessoas 40+ é positivo em diversos setores de TI, sobretudo na área de gestão. Isso porque o estudo Diagnóstico Comportamental dos Profissionais de TI, realizado pela IT Mídia, mostrou que 55% dos líderes da área de tecnologia possuem mais de 50 anos, além de revelar que profissionais nessa faixa etária são mais engajados e satisfeitos com seus trabalhos. “Um profissional mais maduro é autogerenciável, possui experiência de vida e profissional e maior resiliência. Na maioria das vezes são pessoas que não estão em busca de um cargo, mas sim de fazer a diferença e buscar resultados”, reforça Christina.
Assumindo responsabilidades
O levantamento da IT Mídia revelou ainda que o principal motivador do jovem é o salário (31%) e que apenas 23% preferem ter grandes responsabilidades, enquanto os profissionais de nível sênior veem a responsabilidade como um dos fatores principais de motivação (32%).
Essa busca de profissionais jovens por apenas cargos ou salários é outro ponto que vem trazendo obstáculos ao setor de tecnologia, uma vez que a mão de obra acaba sendo mais volúvel, aumentando assim o alto turnover do setor, que enfrenta não só a dificuldade de contratação, mas sobretudo, de manutenção do quadro de colaboradores. “É um setor que definitivamente precisa de trabalhadores engajados”, reforça Christina.
Os dados são uma forma de levar reflexão para um setor que vê suas vagas ficarem abertas por mais tempo que o normal e que não conseguem avançar em projetos por falta de profissionais. Para aqueles que já trabalham na área, parece ser o cenário perfeito. Mas, e para quem não é da área e quer arriscar começar algo novo depois dos 40, é possível?
“Claro que é possível. O mercado de tecnologia parece algo muito complicado, inatingível quase, mas é preciso desmistificar isso. É claro que tem seus desafios e o maior deles, com certeza, são as atualizações constantes de programas, softwares, ferramentas. Mas isso os jovens também precisam enfrentar. O que o mercado mais precisa na verdade são de pessoas com olhares estratégicos, capacidade de gerenciamento de projetos e, sobretudo, que tenham disponibilidade para aprendizagem constante. A técnica se aprende. Agora, as skills comportamentais fazem parte de uma maturidade que somente quem já tem mais vivência consegue desenvolver”, finaliza Christina.
*Com informações do site Mercado e Consumo