Os governos do Brasil e do Peru começaram as negociações para viabilizar um projeto de integração comercial com a Ásia, por meio do porto de Chancay.
Localizado em Lima, no Peru, o porto de Chancay é o maior da América Latina. Está sendo construído em parceria com a China e o Peru e pode ser uma porta do Brasil para o oceano Pacífico, com um potencial de gerar ganhos significativos para as exportações nacionais.
O investimento é de cerca de US$ 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões). A empresa chinesa Cosco Shipping detém uma participação de 60% no porto e a Volcan do Peru, 40%.
De tal forma, o terminal portuário deverá ser inaugurado em novembro com a presença do presidente da China Xi Jinping.
Essa aproximação impacta nas importações e escoamento dos produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM) e de toda a Amazônia.
Tal conexão será feita pelo município de Tabatinga, no Amazonas, e as províncias de Urimáguas e Pucallpa, no Peru.
Pelo porto de Chancay, devem ser escoados rumo à Ásia desde materiais para a transição energética, alimentos e produtos industrializados.
Custo logístico
Daí o interesse do Brasil de participar desse projeto, intensificando o programa Rotas de Integração Sul-Americana, criado com o objetivo de reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade de rotas na região.
Por conta disso, nesta quarta-feira, o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, representantes do Ministério da Indústria e Comércio se encontraram com o embaixador do Peru, Rômulo Acurio Traverso.
“Estamos explorando ativamente com o governo do brasileiro, com a Suframa, autoridades, empresários do Amazonas e do norte do Brasil o potencial do novo porto de Chancay que vai conectar a América do Sul à Ásia de forma mais rápida. Portanto, esse é um potencial enorme para o comércio do norte e também as exportações do Brasil para a Ásia”, disse o embaixador peruano.
Na comitiva brasileira também estiveram presentes o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, Rodrigo Rollemberg, a secretária executiva da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, Vanessa Grazziotin, e o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM).
Rota alternativa
Membro do Parlamento Amazônico, Leite disse que essa discussão de uma outra rota para aproximar o Pacífico do território brasileiro é um ganho não somente para a região Norte e Amazônia como um todo, mas para o Brasil.
“Hoje, 40% do escoamento de grãos do Brasil é realizado pelo norte. Com essa alternativa, poderíamos ter um ganho de competitividade, aliada à reforma tributária, para a Zona Franca de Manaus e os países vizinhos. Além do tempo, uma redução de15 a 20 dias, os insumos que nós importamos teriam a possibilidade de chegar a um custo mais barato para o polo industrial de Manaus”.
Canal do Panamá
De acordo com o superintendente-adjunto-executivo da Suframa, Frederico Aguiar, com a conexão pelo porto de Chancay, a ZFM está pensando em deixar de depender do canal do Panamá porque é muito caro fazer o transporte dos insumos por esse modal.
“Tem que tirar do contêiner, do navio fazer transbordo com um tempo de cinco dias, depois traz de volta. Então, a gente vai substituir uma rota que a gente depende praticamente do Panamá que também tem problema de seca”.
Segundo ele, está.se falando em US$ 1 bilhão (dólares) em compras de importações da Ásia especificamente em negócios da ZFM.
“Portanto, o porto de Chancay vai trazer infraestrutura de logística de transporte de mercadorias em toda essa região, fazendo essa integração fundamental entre a América do Sul e a Ásia”.
Encontro em Manaus
Por fim, dessa primeira reunião em Brasília, com a embaixada do Peru, sobre a integração comercial pelo porto de Chancay, ficou definido que haverá um encontro, em Manaus, entre autoridades e empresários brasileiros e peruanos para estabelecer quais serão os produtos e as rotas mais interessantes para a economia brasileira, do Norte e também para a economia peruana.
Para o superintendente Saraiva, o encontro entre os governos do Brasil e Peru é um passo a mais que se dá na construção das alternativas de uma nova rota para a infraestrutura da Amazônia, não somente do polo industrial da ZFM, mas também para os demais estados de Roraima, Rondônia, Acre e o Amapá.
“Para o polo industrial de Manaus, a proximidade do maior fornecedor, que é a Ásia, através da rota do Pacífico, vai incorrer em uma economia muito grande, não somente de tempo, mas também de economia financeira”.
Fonte: BNC Amazonas.