“O mundo será transformado por pequenas ações”, afirma empreendedor social Fábio Silva

Presidente do Porto Social e da plataforma Transforma Brasil, idealizador do Movimento Novo Jeito faz balanço dos 10 anos da instituição e projeção para 2021

Ao ver a tragédia das enchentes que inundaram cidades da Mata Sul de Pernambuco, em 2010, o recifense Fábio Silva decidiu fazer do voluntariado a causa de uma vida, fundando o Movimento Novo Jeito, que apoia ações de solidariedade e busca incentivar o trabalho voluntário.

Formado em Administração de Empresas, o empreendedor social de 43 anos é também presidente do Transforma Brasil, plataforma digital que conecta instituições e voluntários e foi replicada em países como Chile, Portugal e Angola, e do Porto Social, incubadora de negócios de transformação social sediada no Recife. Em entrevista à Folha de Pernambuco, ele faz um balanço de 2020 e conta os planos previstos para 2021.

O Movimento Novo Jeito completou dez anos em 2020 e, desde então, viu crescerem outras iniciativas, como o Porto Social e o Transforma Brasil. Como vê esse processo?

O movimento nasceu na catástrofe que foram as enchentes de 2010, em Barreiros. E, ao longo desses dez anos, fortalecemos nossa vocação de atuar em qualquer tragédia. Estivemos em Mariana, em Brumadinho, no incêndio da Boate Kiss, e estamos na pandemia beneficiando, junto com o Porto Social e o Transforma Brasil, mais de 400 mil famílias, entre os meses de março e agosto, com cestas básicas e álcool em gel.

Mas o grande balanço é que conseguimos uma atuação cada vez mais integrada com o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil. Temos clareza de que o trabalho voluntário não vai resolver os problemas complexos de um país desigual, mas traz um oxigênio, uma empatia. Estamos exportando nossa tecnologia para o Chile, Portugal e Angola. Nunca imaginamos que, em dez anos, íamos colocar Recife no mapa global de empreendedorismo social e de participação cidadã através do voluntariado.

O Porto Social prepara uma expansão no meio digital, processo que foi impulsionado durante a pandemia. Quais foram os desafios deste ano e quais os próximos planos?
Ninguém esperava a pandemia e a gente tinha um plano que foi até março, depois teve que fazer outro. E esse novo plano foi mês a mês. A primeira coisa que percebemos como necessário foi unir as três plataformas (Transforma, Porto Social e Novo Jeito) para construir ações em conjunto. Nós criamos um fundo e um programa de assistência básica.

No início da pandemia, fizemos um hackaton para criar uma solução digital para o Porto Social, e nasceu uma solução chamada “Portal”, que vamos lançar em março de 2021. E aí o programa de incubação e aceleração vai se tornar nacional. Todas as iniciativas do Brasil vão poder se inscrever. A gente espera que mais de 5 mil se inscrevam, mas, como é digital, vai conseguir fazer um programa um pouco maior, porque a gente quer utilizar todas as mentorias.

Também está sendo preparado um “shopping social” no Recife Antigo, a ser inaugurado em março de 2021. Já tem nome? Como o espaço vai funcionar?
Vamos fazer uma enquete para que os parceiros possam opinar, mas algumas pessoas estão chamando de “Casa da Solidariedade” ou “Casa do Empreendedorismo Social”. Vai ter iniciativas que vão trabalhar em coworking, outras que vão realizar seus serviços na própria sala no mall, fazendo com que aquelas que não têm sede tenham a sede ou possam oferecer o serviço lá.

Depois deste ano difícil de pandemia, qual mensagem você gostaria de passar para as pessoas?
Toda e qualquer ação vale a pena. É a sua atitude que faz o mundo ser transformado. A gente começou entregando colchões, depois cadeiras de rodas, doando sangue, roupas e livros, levando pessoas que tocam violão para humanizar o atendimento nos hospitais. Quem estiver lendo, não precisa fazer parte do Novo Jeito ou do Porto Social. Pode fazer uma ação do lado do seu prédio. O mundo será transformado por pequenas ações.

Foto em Destaque: Presidente do Porto Social e idealizador do Novo Jeito, Fábio Silva – Crédito: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Fonte: Folha de Pernambuco

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