O mundo dos millennials

Eles são rotulados como “millennials” ou “geração Y” e vivem dilemas – às vezes – muito diferentes dos jovens das gerações passadas, porém – outras vezes – muito parecidos! Eles nasceram entre os anos 1981 e 1996 e estão entrando no mercado de trabalho, ou já seguem construindo suas carreiras profissionais, mas diferentemente da questão dos dilemas, se deparam com um mundo completamente diferente do que os das gerações anteriores encontraram.

Sem pensar

O fato é que até o século XX o mundo seguia uma cronologia que nos permitia entender e refletir sobre as coisas. Isso englobava os contextos social, político e econômico, por exemplo. No entanto, agora ninguém consegue saber exatamente o que está acontecendo, em decorrência da enxurrada das informações que diariamente recebemos.

A velocidade do tempo imprimiu outro ritmo à aldeia global. E somos bombardeados, por todos os lados, de tudo: muitas notícias, muitas opiniões, muitos produtos, muito tudo e a gente precisa tomar decisões rápidas, baseadas numa análise superficial, porque temos muitas atividades e pouco tempo para aprofundamentos.

Felicidade pra viver

E é nesse contexto mundial que essa geração busca ser feliz. Feliz no trabalho, na vida pessoal e consigo mesmo! Eles nasceram no boom da internet e, portanto, desenvolveram um melhor relacionamento com a instantaneidade global. A internet trouxe ilimitadas possibilidades de informação, porém, no mesmo passo do aumento da quantidade, superficializou o conteúdo.

Também, opostamente da geração anterior, eles não se prendem em carreiras pouco interessantes. Mudam com muita facilidade de emprego ou de projeto, pois estão mais em busca de uma realização pessoal do que ter a carteira cheia de dinheiro. Isso é incrível, porque eles se lançam e são mais desapegados e desprendidos.

Rabo preso

Porém, esse salto pro mundo – muitas vezes – só é possível graças à ajuda financeira dos pais, que trabalharam arduamente para construir algo. Apesar de irreverentes, cheios de poses nas fotos do Instagram e esbanjando atitude, boa parte dos millennials, ainda vive sob as asas dos progenitores.

Não fazem ideia de quanto custa a conta da energia elétrica e não se preocupam em saber como a comida foi parar no refrigerador. Também foram muito mimados e são extramente impacientes. Um dia na vida de um millennial pode significar uma década. Tem que ser tudo já! É uma pressa e ansiedade sem fim.

Novos significados

Para eles o barato da vida não é ter uma casa boa com jardim e varanda, um carro 2.0 na garagem e não se preocupam em pagar a escola dos filhos que nem pretendem ter. O lema deles é curtir a “experiência” da vida. Tudo tem que ter uma pitada de prazer e de diversão.

O foco é se divertir nas redes sociais e ser um cidadão do mundo, cultivando um propósito de vida mais sustentável e inclusivo. Todos querem vivenciar a sensação de pertencimento. Todas as tribos querem ter sua selfie exposta na tela do globo.

Renasce o passado

Mas, esse mundo perfeito das redes sociais nem sempre espelha a realidade limitante, frustrante e insegura da vida real. Saindo da rede a vida é bem menos glamourosa e os anseios humanos – iguais aos do século XIX – ainda se fazem presentes na dúvida, no medo, na fragilidade existencial. Muitos jovens entram em depressão, enquanto outros caminham pro lado das drogas, dos jogos virtuais e assim vai.

Multo multi

Também é preciso considerar que uma geração não é um produto industrializado embrulhado numa caixinha quadrada. Se a gente considerar que os nascidos em 1981 percorreram um caminho bem diferente do que os nascidos em 1996, a gente irá se deparar com muitas nuances de vida e de histórias pessoais.

Inclusive, porque há uma série de elementos individuais, como nível educacional, realidade social, cultural, entre outros, que é preciso incluir nesse papo.

Um pouco de quase tudo

Porém, de modo geral, o desafio central – pra mim – leva em consideração a pouca visão crítica desenvolvida por boa parte dessa turma. Atuar com flexibilidade, se jogar pro mundo, curtir mais a jornada do que a chegada, viver intensamente a sensação do prazer, estar menos preocupado com a grana, ser mais criativo, lidar bem com a tecnologia são características incríveis e que trazem uma nova oxigenação para as gerações mais velhas, que ainda guardam o modelo do “sonho americano” como um objeto de consumo.

Entretanto, a superficialidade das opiniões, a análise turva muitas vezes embasada de acordo com pontos de vista frágeis, a leitura rasa e de pouca consistência em relação aos cenários, isso é preocupante! Pois, as respostas às nossas questões não estão nos algoritmos, num aplicativo de um smartphone ou no Google. Desenvolver o senso crítico ainda será – talvez – por um bom tempo, o diferencial nesse mundo robótico!

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