No Dia Internacional dos Povos Indígenas (9/8), a Fiocruz reafirma seu compromisso e política institucional de aprofundamento de ações afirmativas e inclusivas das populações indígenas do país, através de parcerias que oferecem acesso à educação. O Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia) lança o primeiro curso de mestrado em Saúde Coletiva voltado exclusivamente para formação de profissionais, docentes e pesquisadores indígenas do Alto Solimões, como forma de diminuir a desigualdade nas regiões mais remotas do país.
“Essa iniciativa da Fiocruz Amazônia se insere na política institucional da Fundação. O mestrado tem o objetivo de fortalecer o Sistema Único de Saúde [SUS] da Amazônia e oferecer ao discente a formação necessária para o desenvolvimento de pesquisas de interesse para a região. Embora tenhamos ações afirmativas em todos os níveis e modalidades de educação na Fundação, essa turma voltada especificamente para os povos indígenas visa reduzir as desigualdades do ponto de vista de formação educacional, com a oferta de disciplinas de relevância a este grupo populacional”, comenta Cristina Guilam, coordenadora geral de educação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz).
A aula magna do mestrado em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia será realizada, na próxima segunda-feira(14/8), no auditório da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Tabatinga (Amazonas). A atividade será ministrada pela diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, que recebeu recentemente a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, a mais alta honraria no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para Adele, o mestrado é um marco na história da Fiocruz Amazônia, no processo de interiorização da formação continuada, concretizando um desejo antigo de vencer os desafios logísticos e oferecer oportunidade de qualificação em áreas remotas do Estado do Amazonas. Destaca ainda a relevância do curso no processo de valorização do conhecimento tradicional indígena e na oportunidade de formação de sanitaristas indígenas, compromisso firmado quando assumiu a direção da unidade. “Sem o apoio fundamental de parceiros como a Fapeam, o CNPQ e as universidades, não seria possível alcançar esse objetivo”, salienta.
O curso inédito, voltado exclusivamente para indígenas do Alto Solimões, é o primeiro mestrado em Saúde Coletiva com formação strictu senso a ser realizado na modalidade Sala Estendida, fora da sede do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA). Foram 52 candidatos de diferentes etnias e municípios da região que se submeteram ao processo seletivo do curso, resultando no preenchimento das 15 vagas oferecidas para sanitaristas indígenas. As vagas foram preenchidas por tikunas, kambebas, kaikanas, marubos, kokamas e kanamaris, dos municipios de Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Amaturá e Santo Antônio do Içá.
Para realização do curso, foram necessárias adaptações para atender as singularidades culturais e sociais dos povos indígenas que vivem na Amazônia. A etapa preparatória contou com curso de Aperfeiçoamento e Etnicidade, Sustentabilidade e Saúde coletiva na Tríplice Fronteira da Amazônia, com carga horária de 200 horas.
Resultado de um esforço conjunto desenvolvido entre instituições de ensino e de fomento à pesquisa, o curso tem como coordenadora a docente e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Luiza Garnelo. “O objetivo é qualificar indígenas graduados em diversas áreas de conhecimento para que possam atuar no campo da saúde coletiva e desenvolver atividades, atuando nas instituições que existem na região e contribuindo para melhoria da prestação dos serviços em saúde indígena e na própria atenção primária do município. Como sanitarista indígena, os profissionais podem atuar de forma qualificada na implantação de atividades de monitoramento, avaliação, vigilância em saúde e processos investigativos que são necessários para subsidiar e melhorar a qualidade das ações de Saúde, explica.
A Fiocruz Amazônia espera, com a primeira turma de mestrado voltada para indígenas, consolidar o projeto de interiorização das ações de pós-graduação na área de saúde coletiva, em áreas de difícil acesso e regiões remotas de fronteira. A expectativa é que os estudantes consigam se qualificar para desenvolver atividades de saúde coletiva e atuar nas instituições da região.
A iniciativa da Fiocruz Amazônia conta com apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – que concedeu 15 bolsas mais recursos para auxilio em pesquisa para os indígenas aprovados -, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), por meio de projeto aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
*Com informações do site Agência Fiocruz de Notícias