Férias, ócio produtivo e o planejamento de 2018 – parte 1

Finalmente o ano de 2017 ficou pra trás! É incrível o efeito psicológico que a passagem de uma noite para a madrugada causa no nosso imaginário. A mágica da entrada do ano parece abrir um portal cheio de esperança e fé, concedendo uma oportunidade de recomeçar e deixar no passado todos os problemas! Entretanto, não sendo fácil assim, precisamos dar uma força para que o ano seja tão bom quanto desejamos!

E se mesmo assim você ainda estiver tenso e preocupado relaxa é tempo de férias. Aproveite para descansar, mas, sobretudo se planejar! Quem se planeja, tem muito mais chance de efetivar sonhos. Apesar de tudo o que existe no mundo ser material, um dia foi sonhado, planejado e realizado. Esse é o melhor momento do ano para pensar, organizar a mente, traçar metas e se preparar para 2018.

Férias que te quero

Está aberta a temporada de férias e agora além de relaxar você pode aproveitar o período e repensar posturas, comportamentos, êxitos, fracassos e planejar um ano diferente, colocando em prática velhos projetos e novas abordagens.

O break é necessário para dar uma pausa à rotina e oportunizar que a gente viva momentos mais intensos e diferentes aos ligados ao trabalho, o que pode nos estimular a desenvolver outras compreensões e percepções. Exercer um silêncio fora dessa caixa, que é o trabalho, contribui para o autoconhecimento e nova postura.

O homem-máquina dos séculos passados

O filme de 1936 “Tempos Modernos”, do cineasta britânico Charlie Chaplin, exibe os operários sendo retratados como engrenagens produtivas de um processo que só considerava a extensão das suas mãos como propulsoras do desenvolvimento. O diretor traduziu criticamente a realidade do mundo moderno. Entretanto, a película retratou o que na prática ocorria há séculos.

Sem a intenção de aprofundar, mesmo assim sou – imediatamente – levada a relembrar do historiador Edgar Salvadori de Decca, doutor pela USP (e 02 pós-doutoramentos na Alemanha e em Portugal), que tive a honra de entrevistar (exclusiva) para disciplina por ocasião da minha segunda graduação que foi em História na UFAM.

Foi uma das últimas entrevistas do historiador, pois, infelizmente ele faleceu poucos meses depois, porém, deixou um legado imenso à Historiografia. Dentre suas várias obras, o autor reflete no livro “O Nascimento das Fábricas” (editora Brasiliense, 1982) as causas pelas quais o homem passou a ser mais uma peça no modelo fabril durante um período. Sua argumentação se estabelece na “dominação social” e aponta como a transformação no mundo do trabalho – a todo vapor no XIII – acabou, por meio do nascimento das fábricas, modelando o sistema (capitalista) conforme as classes sociais.

Em certo momento, depois de criticar o novo modelo, ele dizia que “estamos falando, no caso, de uma incapacidade imposta ao social, por ordem de um determinado domínio que retira dos homens a própria dimensão do pensar, como algo além do já dado” (DE DECCA, 1982, p.12). Sua reflexão considera, inclusive, o primórdio modelo do engenho do açúcar e que, segundo ele, se transformou adiante no sistema industrial.

Tempos de ócio criativo

Já nos tempos atuais, as corporações vêm introduzindo uma nova visão em relação ao colaborador na organização. Agora de forma mais globalizante, contempla ações que tragam felicidade ao ambiente, propiciando que o colaborador estabeleça um vínculo mais humanizado.

Uma contribuição para esse novo modo de pensar vem do sociólogo italiano Domenico de Masi e sua obra “O Ócio Criativo”, de 1995.  Masi entende que a tecnologia vem assumindo as tarefas repetitivas e que o homem passa a usufruir mais tempo disponível, podendo se dedicar ao ócio criativo, que não significa não fazer nada, mas sim, pensar!

Ele entende que hoje fazemos muito mais coisas usando mais o cérebro do que as mãos, contrariando o passado. E se as ideias criativas produzidas pelo ócio podem ser úteis às corporações, imagine se a gente aproveitar para, durante uma pausa maior (férias), planejarmos o ano?

Metas do ano

Então, unindo o útil ao agradável, aproveite o tempo disponível se concentrando nas próximas metas. Não dá pra viver a vida toda no “deixa a vida me levar”. Assuma as rédeas e o controle agora! Saia do ponto atual e visualize objetivos em longo prazo, estabelecendo metas “possíveis” e “realizáveis” em 2018 que o ajudem a se aproximar ou conquistar os objetivos que o façam se sentir realizado.

Algumas perguntas podem ajudar nessa construção, como as relacionadas às áreas em questão (saúde, bem-estar, poupança, carreira, viagens). Verifique o nível de prioridade, o que depende de tempo (prazo), situação financeira (compra ou venda de imóvel ou bens), bem-estar (problemas de saúde) ou aprendizado (curso, intercâmbio), por exemplo.

Construa uma lista e elenque as metas conforme a prioridade, e tente limitar um prazo, mas não seja radical, você precisa estimar variáveis as quais – muitas vezes – não dependem de você. Ah! Em relação a isso, se você vive sozinho, procure, dentro do possível, não depender de terceiros, para não colocar em risco o planejamento. Se não, antes de planejar converse sobre o assunto com o (a) parceiro (a), de modo que o planejamento considere as expectativas conjuntas e evite desencontros. Assim você alinha as metas e o plano tem mais chance de ir pra frente.

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