A contratação de profissionais ou empresas para a prestação de serviços tem se mostrado um desafio constante, ainda mais quando é preciso garantir que as informações prestadas pelo candidato são verdadeiras. Casos de currículos fakes são corriqueiros e até ex-ministros da educação caíram na tentação de dar aquela esquentada na formação e carreira. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pela empresa Heach Recursos Humanos mostra que a adulteração de currículos aumentou com a pandemia. Em 2020, último dado disponível, 61% dos currículos analisados apresentavam algum tipo de adulteração. Em 2019, quando o mesmo estudo foi realizado, o índice era de 42%.
O levantamento não foi replicado nos últimos anos, mas para quem vive o dia-dia do recrutamento e seleção, a sensação é de insegurança e de que as adulterações se tornaram cada vez mais comuns. Este cenário levou ao crescimento do uso da solução de background check que permite verificar a identidade de um indivíduo ou empresa. Pesquisa realizada pela plataforma SaaS de compliance Kronoos, revela que o volume de pedidos de dossiês voltados a investigar aspectos relacionados à conformidade das declarações que constam nos currículos cresceu 150% nos últimos 12 meses.
“Se pegarmos desde 2020, as consultas mais que dobraram por conta de muitos candidatos mascararem seus currículos, o que leva a graves consequências para as empresas. Com a busca de informações em bancos de dados públicos ou privados a parte interessada consegue confirmar a identidade e os antecedentes. Esse procedimento é importante para aumentar a segurança em novos relacionamentos, prevenir riscos reputacionais e evitar o envolvimento da empresa em atividades ilícitas”, explica Alexandre Pegoraro, CEO da Kronoos.
De acordo com o executivo, a verificação de antecedentes é um dos métodos mais recomendados para quem quer aumentar a confiabilidade de seus registros, melhorar a qualidade de seus relacionamentos, diminuir problemas com quebras de contrato e reduzir fraudes. As características das pessoas e relacionamentos determinam o escopo das pesquisas, a frequência das consultas e os bancos de dados usados. “O background check é recomendado em diversas situações em que a obtenção de informações precisas e confiáveis sobre o histórico de uma pessoa é importante para tomar decisões informadas e mitigar riscos”, diz.
Para Pegoraro, o crescimento do uso da ferramenta seria ainda maior se não houvesse o desconhecimento dos profissionais de RH que ainda se sentem reticentes em adotar este tipo de checagem por medo de ferir os princípios legais. No entanto, estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sem incorrer em qualquer risco, não é tão difícil quanto parece. Basta obter o consentimento adequado e tratar as informações coletadas com confidencialidade e respeito à privacidade das pessoas envolvidas. “Esta é uma das regras previstas na LGPD. Por isso, é fundamental obter o consentimento dos indivíduos pesquisados antes de realizar qualquer verificação e garantir que as informações coletadas sejam usadas apenas para fins legítimos e autorizados”, diz Pegoraro.
Segundo ele, além da LGPD, é importante se atentar às decisões da Justiça do Trabalho quanto à verificação de antecedentes de candidatos e empregados. Segundo o tema nº 1 de Recursos Repetitivos do TST (Tribunal Superior do Trabalho), o background check só pode exigir o histórico criminal em funções em que o empregado lida com fatores que exigem alto grau de confiança (dinheiro, privacidade, pessoas vulneráveis, dentre outros).
*Com informações do site Monitor Mercantil