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Empreendedorismo feminino: conheça as empresárias de sucesso na tecnologia

empreendedorismo feminino segue crescendo de forma expressiva em todo o mundo. Somente no Brasil, já são mais de 30 milhões de mulheres empreendedoras – que representam mais da metade dos pequenos negócios no país, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor em parceria com o Sebrae.

No entanto, os avanços em diversidade, inclusão e representatividade feminina no mercado de tecnologia ainda são tímidos e os dados, muito menos animadores.

  • Apenas 4,7% das startups no Brasil são fundadas exclusivamente por mulheres – um avanço de apenas 0,3% na última década, de acordo com o estudo “Female Founders Report 2021”, elaborado pelo Distrito com a Endeavor e a B2Mamy.
  • Se considerarmos as empresas cofundadas por mulheres, o número sobe para apenas 9,8% do total das startups do ecossistema.

“Ser mulher no mercado corporativo e na sociedade em geral é, de fato, desafiador. Ser fundadora de uma startup no ecossistema brasileiro exige não apenas foco, estudo e persistência, mas também paciência e um posicionamento firme. Enfrentar a descredibilização por ser mulher é uma realidade com a qual muitas empreendedoras lidam. Nossas ideias são frequentemente desmerecidas, e há uma crença equivocada de que somos improdutivas e incapazes de pensar racionalmente”, afirma Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, ao Startups.

A executiva conta que na fase avançada do desenvolvimento da Vittude, a busca por investimentos se tornou particularmente desafiadora – um desafio infelizmente comum quando o assunto é empreendedorismo feminino.

“Abordei diversos fundos, conversei com inúmeras pessoas – inclusive grupos de investidoras mulheres – e enfrentei uma série de recusas. Confesso que cogitei a possibilidade de desistir”, relembra. A motivação para continuar foi a missão em promover o acesso à saúde mental.

“Meu propósito na área da saúde mental é o alicerce que me dá forças para superar qualquer obstáculo. Agarrei-me a esse propósito e mesmo diante dos percalços, continuo firme.”

Como especialista em gestão e tecnologias há mais de 20 anos, Nina Silva, fundadora da fintech D’Black Bank e do Movimento Black Money, já tinha uma visão clara das necessidades e lacunas existentes no mercado de tecnologia quando decidiu empreender.

“Ao longo da minha carreira, percebi uma falta significativa de representação de pessoas negras e mulheres nas empresas no brasil e exterior. Isso me motivou a criar um hub com diferentes áreas de negócio e a me tornar conselheira para alavancar outros negócios e carreiras de pessoas pretas”, afirma.

A executiva queria criar soluções inovadoras que atendessem a todas essas demandas e oferecessem oportunidades para pessoas que historicamente foram marginalizadas no setor.

“Uma motivação importante foi a possibilidade de criar um ambiente inclusivo e diversificado em minha própria empresa, onde pessoas de diferentes origens e perspectivas pudessem contribuir e se sentir valorizadas. Por fim, empreender em tecnologia e inovação me permitiu ter controle sobre meu próprio trabalho e carreira. Queria ter a liberdade de explorar minhas ideias e paixões sem as limitações que muitas vezes são impostas em ambientes corporativos tradicionais.”

Empreendedorismo feminino: conselhos reais 

Quais incentivos são necessários para fomentar, acolher e transformar o empreendedorismo feminino em tecnologia no Brasil? Para Tatiana Pimenta, da Vittude, um dos pontos principais é ser ouvida.

“Não nos são proporcionadas as mesmas oportunidades que são oferecidas aos homens. Precisamos trabalhar duas, até três vezes mais, para mostrar nosso valor e comprometimento. E mesmo assim, o mercado não dá ouvidos às nossas ideias, não nos concede espaço para realizar nosso trabalho. Já estudamos muito, então talvez o que falte não seja apenas incentivo, mas sim oportunidade.”

Nina Silva, do Movimento Black Money, destaca também uma urgência de educar o próprio ecossistema. “Precisamos educar investidores, parceiros e até mesmo o público em geral sobre o conceito e o potencial das startups de impacto, pois o cálculo de retorno financeiro é diferente. Isso pode exigir um esforço adicional para comunicar o valor e a importância do impacto social, além dos aspectos financeiros do negócio”, analisa.

Questionada sobre qual conselho gostaria de ter escutado para facilitar sua jornada, Nina cita a importância das conexões.

“Parcerias são necessárias em todos os momentos e os erros são aprendizados preciosos que não precisam gerar ansiedade. Construir rede de apoio é bem mais sobre uma comunidade engajada de maneira horizontal onde clientes, fornecedores, colaboradores e outros agentes fazem parte de um ecossistema expandido onde a verdade e compartilhamento de valores farão essas relações serem mais produtivas e duradouras”, pontua.

Já Tatiana reconhece que os conselhos não seriam suficientes para simplificar o processo. “Acredito que nada do que me contassem teria facilitado minha jornada. Passei por muitas coisas até chegar aqui, inclusive por um relacionamento abusivo. Nunca estamos preparados para passar por algo até vivenciarmos na prática. Mesmo tendo estudado antes, e embora me sentisse preparada, acredito que não estava de fato”, avalia.

Como mensagem para outras empreendedoras, ela deixa o recado: não se assuste se aparecer algum imprevisto no meio do caminho ou se algo não der certo; é assim mesmo. “É caindo que aprendemos e é vivendo que adquirimos experiências. Cuidar da sua saúde mental é a melhor coisa que você pode fazer para você e para o seu negócio”, finaliza.

*Com informações do site Startse, neste link.

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