Descrição dos Ciclos do PIM

Descrição dos Ciclos do PIM

Começo a descrever, a seguir, os 6 (seis) ciclos do PIM, identificados a partir de marcos que considerei relevantes para o estabelecimento desses períodos, conforme explicado no primeiro artigo destas publicações.

Documentos formais e informais e alguma experiência profissional também foram uteis no processo de determinação dos ciclos.

A opção por relatar a evolução do PIM por meio de seus ciclos me pareceu mais didático para auxiliar na compreensão de sua conformação atual e na reflexão sobre a sua evolução.

Sempre é importante mencionar, e reiterar, que esta é uma classificação pessoal, definida a partir da experiência adquirida ao longo das atividades realizadas.

1o. Ciclo (Antes de 1976) 

Principais Características

Este ciclo caracteriza o início do processo de industrialização de Manaus, sob a legislação da Zona Franca.

Até o início da implantação do PIM, Manaus não podia ser considerada como uma cidade industrial. Não havia uma cultura industrial na cidade. Como cultura quero me referir à definição de políticas que apoiassem com vigor a industrialização da região, a utilização de técnicas e tecnologias de processos de produção e a formação de recursos humanos para o ambiente industrial.

Isso tudo começou a acontecer mais à frente, a partir da implantação da Suframa, em 1967.

Anteriormente, as indústrias instaladas em Manaus beneficiavam insumos obtidos pelo extrativismo em diversas regiões do Estado do Amazonas, atividades completamente diferentes do que viria ocorrer mais à frente. O conteúdo tecnológico dos produtos das empresas locais era mínimo perante o que produziriam as empresas multinacionais que começavam a chegar na cidade.

No início do processo de industrialização de Manaus, os produtos das empresas que por aqui se instalavam eram industrializados a partir da aquisição de insumos na forma CKD (completelyknock-down ou completamente desmontado) ou SKD (semiknock-down ou semi-desmontado).

Ocorria pouca agregação de valor, principalmente porque havia liberdade para a importação de insumos. O processo de reembalagem era muito frequente nas empresas da época.

Perfil dos Recursos Humanos

Evidentemente que em um ambiente industrial ainda incipiente, não havia a necessidade do emprego de recursos humanos qualificados para tratar assuntos como tecnologia de produtos, por exemplo. A formação profissional em nível técnico era suficiente para realizar as tarefas exigidas nas empresas. Poucos engenheiros eram necessários.

A Escola Técnica Federal do Amazonas atendia a nascente indústria de Manaus e a Universidade Tecnológica do Amazonas – UTAM estava iniciando suas atividades.

Os cursos de engenharia da UTAM, operacionais à princípio, atenderam às demandas das primeiras empresas que se instalaram em Manaus, cumprindo uma etapa importante no primeiro momento de implantação do PIM.

Para a construção do ambiente de formação de profissionais para atuar em tecnologia, em Manaus, a Universidade Federal do Amazonas – UFAM oferecia o curso de Engenharia Civil e iniciava as tratativas para a autorização do curso de Engenharia Elétrica.

A Suframa teve papel importante na implantação do curso de Engenharia Elétrica da UFAM, ao apoiar a atração de diversos profissionais que foram professores do curso. Esse curso teve papel fundamental na formação dos primeiros engenheiros eletricistas plenos que ocuparam cargos importantes nas empresas do nascente Polo Industrial de Manaus.

2o. Ciclo (De 1976 a 1985)

2.1. Características

Este ciclo é caracterizado pelo processo de substituição de importações que buscava incentivar a indústria de insumos no País.

Nessa época o Brasil viveu o auge da crise do balanço de pagamentos. Não havia dólares suficientes para importar suas necessidades. A conta do petróleo importado era elevada demais para um País que ainda não era autossuficiente.

Essa situação atingiu em cheio as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus. As empresas passaram a conviver com políticas de cotas de importação e com programas de nacionalização. Essas decisões levaram a uma autêntica corrida pelo desenvolvimento de fornecedores de insumos.

No bojo desse processo, a Suframa promoveu um programa de regionalização que visava estabelecer empresas de componentes em Manaus. Nesse cenário, o programa de regionalização foi uma ótima ideia que durou até o vendaval do governo Collor!

Um importante evento organizado pela Fucapi – instituição que irei comentar mais à frente – e coordenado por um dos amazonenses mais competentes que conheci,Guajarino de Araújo Filho, foi realizado no Cecomiz, local que abrigava e centralizava grandes atividades associadas ao PIM. Muitas empresas apresentaram seus produtos buscando ampliar mercados. O sucesso foi muito grande e, desse evento, bons negócios devem ter sido concretizados. Creio que esse evento ocorreu em 1986.

Apenas como registro, faz muita falta o Cecomiz. Seu auditório comportava 600 (seiscentas) pessoas e foi palco de eventos muito importantes. Lembro que em um deles houve uma Reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), em 1985 se não me falha a memória, em que o Governador Gilberto Mestrinho anunciou, para um plenário lotado, a aprovação da vinda de uma grande empresa que produzia televisores, creio que a Sony, após uma grande batalha política que quase impediu sua instalação na ZFM.

Na minha opinião, ali, naquela sessão, se consolidou o segmento de produção de televisores em Manaus.

Voltando às políticas de nacionalização e regionalização,seus desdobramentos começaram a exigir das empresas a melhoria dos quadros técnicos. Alguns conhecimentos mais sofisticados sobre componentes eram necessários para a realização da substituição de importações.

Adequações e adaptações nos produtos exigiam certas competências que apenas profissionais com algum nível de conhecimento técnico seriam capazes de realiza-las.

Sou testemunha desse processo. Minha experiência profissional foi iniciada em 1979, em uma indústria que produzia relés de proteção utilizados pelas grandes concessionárias de energia elétrica.Tempos em que o setor elétrico era completamente estatal no País.

A Fábrica Nacional de Relés (FNR), de propriedade do Sr. Robert Daou, produzia diversos tipos de relés, com tecnologia da empresa inglesa Reyrolle Protection Relays.

Juntamente com o engenheiro Evandro Vieiralves, e comandados pelo Diretor Técnico José Roberto Bianchi, conseguimos proezas ao nacionalizar alguns componentes dos relés 4C21 e TJM, em suas diversas versões. Esses relés protegiam as redes elétricas e os transformadores, partes importantes dos grandes sistemas de distribuição de energia.

Os produtos eram eletromecânicos e ajustar os relés era uma tarefa complicada.Substituir seus componentes por similares nacionais era um enorme desafio! Um dos ajustes era adequar as características dos relés à frequência da rede elétrica.Na Europa a rede opera em 50 Hz e no Brasil, em 60 Hz.

Mas, competir com grandes fornecedores mundiais como a Schlumberger e a General Eletric era uma tarefa difícil para uma empresa genuinamente amazonense. Só a ousadia de um empreendedor como Robert Daou seria capaz de enfrentar grandes multinacionais, com enorme experiência no mercado mundial de proteção elétrica.

A FNR não existe mais. A disputa não foi encerrada, eu creio, por causa da qualidade dos produtos. Muito pelo contrário. Creio que os nossos relés eram do mesmo nível, ou até melhor, que os dos concorrentes. A batalha era de escala de produção e de capacidade para conseguir vender os relés para as concessionárias. Tarefa que levaria tempo e tempo era o “fôlego” financeiro que uma empresa amazonense não possuía na mesma dimensão que a das multinacionais concorrentes.

Fiquei apenas um ano e meio na FNR. Tive que buscar outros caminhos profissionais. Mas o aprendizado foi imenso para todos que participaram daqueles momentos em que até relés com tecnologia própria foram desenvolvidos.

Creio que a FNR ainda durou um bom tempo após a minha saída. Outro grande profissional amazonense, Renato Frota, assumiu atividades técnicas e gerenciais na FNR e realizou grande trabalho no segmento industrial do grupo Daou associado ao seu Roberto.

Mencionei essa experiência menos para falar do meu currículo, evidentemente, e muito mais para realizar um pequeno reconhecimento a um empreendedor amazonense que ousou participar de um segmento nascente no Amazonas, a indústria de elevado conteúdo tecnológico. Foi um dos poucos que correu esse risco. Saiu vencedor, na minha modesta opinião.

Nas demais indústrias do PIM, exemplos similares de adequação de insumos nacionais e regionais aos bens finais, substituindo os importados, certamente devem ter ocorrido.

Outros amazonenses merecem o mesmo reconhecimento que o ‘seu’ Roberto, como o chamávamos. Cite o seu Roberto com mais detalhes porque tive o privilégio da convivência. Além disso, aprendi muito com ele e com o Dr. Bianchi, nosso Diretor Técnico.

Creio que um fato chama a atenção no exemplo do seu Roberto. Na verdade, o modelo desenvolvido em Manaus, de atração de capital, permitiu a implantação de grandes empresas multinacionais, produtoras de bens com elevado conteúdo tecnológico em seus produtos.

Mas o modelo não estimulou o empreendedor local a se arriscar em investir nos segmentos industriais que acabaram se consolidando em Manaus.

Talvez tenha faltado capital financeiro na dimensão necessária.Ou, quem sabe, tenha faltado as políticas de incentivo ao desenvolvimento de outros segmentos industriais que exigissem investimentos mais acessíveis dos nossos empreendedores. Ou mecanismos que buscas sem a associação dos investidores estrangeiros que por aqui se instalavam, aos empresários locais.

Por tudo que aprendi nesses meus 40 (quarenta) anos de atividades profissionais, esse é o papel do Estado: definir o planejamento estratégico que baliza os investimentos dos setores públicos e privados.

Não seria a Zona Franca um modelo de planejamento estratégico para o desenvolvimento do Estado do Amazonas? Creio que sim. Mas, um modelo imaginado há mais de 60 (sessenta) anos é dinâmico. Necessita de ajustes. Especialmente um modelo que acabou abrigando um segmento industrial intensivo em atividades que incorporam tecnologias sofisticadas – como os telefones celulares, por exemplo – cuja evolução traz em seu bojo aspectos de ruptura com o passado e que estão alterando comportamentos humanos nunca antes imaginados.

Creio que essa é a percepção que falta às nossas elites políticas, acadêmicas e patronais (empresariais e trabalhadoras). Como utilizar essas modificações em benefício do desenvolvimento social e econômico da sociedade. Como distribuir essa imensa riqueza que a indústria da tecnologia da informação está produzindo e como diversifica-la.

Voltando à questão dos empresários locais, me recordo de poucos investidores no segmento industrial. Um deles, Dr. Nathan Xavier de Albuquerque, foi um empresário visionário, à frente do seu tempo, que associou a sua empresa Moto Importadora à Honda, constituindo a Moto Honda.

Outro empresário, o ex-governador Danilo de Mattos Areosa, teve participação na empresa Sharp, do empresário Mathias Machline, nome de escola aqui em Manaus, na minha forma de ver, uma justa homenagem. Um pouco da história de Mathias Machline com a educação, no Amazonas, eu pretendo contar mais à frente.

Certamente, deve haver outros empresários. Mencionei apenas os que tive mais conhecimento de suas ações ou experiências próprias com eles. Com Machline, de forma indireta.

O fato é que o modelo pouco incentivou o desenvolvimento de industriais locais. Existem inúmeras razões para isso. Algumas estão descritas neste texto. O tema é complexo e requer avaliações mais acuradas. Não é objetivo deste texto aprofunda-lo. Foram contadas apenas como história e observação pessoal.

Além disso, existem outras pessoas que possuem conhecimento muito maior sobre o assunto e que viveram de perto essas experiências, podendo conta-las bem melhor do que eu.

Retornando à questão do processo de nacionalização da produção industrial, a região, e a Suframa em particular, se ressentia de um organismo técnico capaz de analisar as questões que impactavam nas mudanças dos processos produtivos. Essas atividades eram realizadas pela própria Suframa, com o apoio do Grupo Executivo da Indústria de Componentes para Comunicação (Geicom) e do Centro de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

As políticas industrias eram enormemente impactadas pelas crises política e econômica que o País enfrentava e já naquela época havia muita pressão de diversos Estados brasileiros contra o modelo industrial de Manaus. Um órgão técnico auxiliaria a dar respaldo às decisões da Suframa. E foi, na prática, o que ocorreu.

Para analisar os projetos industriais e tomar a frente dos processos de nacionalização e regionalização, a Suframa, por meio de seu Superintendente Ruy Alberto da Costa Lins e de Salomão Wajnberg, secretário-executivo do Geicom, inspirou a criação da Fundação Centro de Análise da Produção Industrial – Fucapi.

Em 21 de junho de 1982, a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) e o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), incentivados pela Suframa, se reuniram para eleger e empossar os primeiros membros do Conselho Diretor da FUCAPI. O engenheiro Manuel Silva Rodrigues foi empossado como seu primeiro Diretor Executivo.

A Fucapi assumiu o papel anteriormente realizado pelo Geicome pelo CTA, trazendo junto a experiência acumulada dos seis anos de vigência do programa de nacionalização da produção industrial.

Inúmeros profissionais foram contratados e passaram a realizar, na Fucapi, (i) a análise dos projetos industriais submetidos à Suframa, (ii) os estudos para nacionalização e regionalização dos insumos dos produtos (comentei esse assunto anteriormente), (iii) a implantação dos processos de qualidade industrial, (iv) os primeiros passos para a informatização dos processos administrativos da autarquia e (v) os primeiros cursos que atualmente se denomina de livres, ou de curta duração, e que atendiam a uma crescente necessidade de especialização dos profissionais da indústria.

Sem dúvida, esse foi um grande avanço para a criação de um ambiente local de desenvolvimento da engenharia.

Faço menção ao trabalho do Professor Roberto Lavôr que liderou as primeiras ações para tratar da questão da qualidade industrial. Em atitudes pioneiras e pagando o preço pelo rompimento de fronteiras que, muitas vezes, levavam a um ambiente desconhecido onde só os que pensam à frente conseguem enxergar, o Professor Lavôr implantou na Fucapi um setor que, mais à frente, seria relevante no PIM, a ponto da Suframa ter criado um programa para que as empresas fossem credenciadas nas Normas ISO, em suas fábricas.

Fazendo uma breve interrupção nesse histórico, considero importante fazer outra pequena observação: de vez em quando escuto que a região precisa buscar investimentos e investidores para o Polo Industrial de Manaus. E eu acho tudo isso muito interessante. Para não dizer decepcionante. Porque tudo isso era feito anteriormente. Muitas missões organizadas pela Suframa viajaram pelo País e pelo mundo negociando com empresas suas vindas para Manaus, conhecendo experiências de outros polos industriais e atividades de desenvolvimento tecnológico que estavam acontecendo em instituições relevantes.

A quantidade de indústrias no PIM não chegou ao ponto em que se encontra porque as empresas souberam que havia uma região no Brasil, no meio da floresta amazônica, que oferecia incentivos fiscais para quem se instalasse por aqui. Claro que muitos interessados bateram à porta da Suframa, informados das facilidades fiscais que encontrariam em Manaus. Mas a atração de empresas para o PIM teve muita transpiração! Muitas missões foram exitosas nessa atividade. Conheci vários profissionais que fizeram parte delas.

E porque isso não existe mais? Ou, se existe, porque não ocorre na mesma frequência de antes? Difícil explicar. As justificativas mais plausíveis talvez sejam (i) a descontinuidade das políticas públicas, (ii) a falta de visão das nossas autoridades para a relevância do papel que a Suframa deve exercer na região e (iii)a falta de preservação, nas instituições, do conhecimento técnico e da experiência acumulada.

Creio que é dessa forma que uma região cria ambientes adequados para os investidores: (i) legislação estável, (ii) instituições públicas que recebem, orientam e dão confiança aos investidores, (iii) sistemas de C&T&I proativos,(iv) um bom sistema educacional e (v) logística adequada para distribuição dos produtos ao mercado consumidor.

Talvez tenhamos nos habituado a achar que os incentivos fiscais seriam os eternos defensores do nosso desenvolvimento. E tenhamos subestimado a possibilidade de que um tsunami tecnológico seria capaz de tornar diferencias de impostos, âncoras frágeis para a garantia de nossa prosperidade.

Nossa âncora, agora, tem sido a preservação da floresta. Tomara que, em um momento crítico para o modelo Zona Franca, o discurso da preservação da floresta nos dê o tempo necessário para viabilizarmos outros segmentos econômicos alternativos.

Para não parecer pessimista, creio que momentos críticos como esses podem representar a oportunidade que precisamos para nos reinventar. Afinal, ainda possuímos (i) um parque industrial que tende a crescer novamente, e vigorosamente, sustentado pelas quebras de paradigmas que a indústria 4.0 promete e por um público avido por utilizar aparelhos com novas e revolucionárias tecnologias e (ii) uma floresta tropical com riquezas que alguns textos otimistas estimam possuir potencial de negócios de trilhões de dólares.

Creio, no entanto, que a evolução do PIM nos próximos anos deva ser utilizada como meio para um novo ciclo de desenvolvimento do Estado. Porque, com a indústria 4.0 chegando, o que vem pela frente, no mundo e nas nossas vidas, é um grande enigma.

Não estamos, portanto, no pior dos mundos. Muito pelo contrário. Mas precisamos ter sabedoria para utilizar essa riqueza. Não se conseguirá nada, no entanto, sem investimentos em educação, ciência e desenvolvimento tecnológico.E nisso todos concordam.

2.2. Perfil dos Recursos Humanos

Conforme foi mencionado anteriormente, a política industrial do período em análise, se é que podemos classificar dessa maneira o que foi feito, ampliou a demanda por profissionais qualificados. Profissionais formados em tecnologia, principalmente.

Boa parte dos recursos humanos qualificados que vinham trabalhar nas empresas do Polo Industrial, vinha de fora de Manaus.

O curso de Engenharia Elétrica da Ufam, criado em 1976, começou a formar os primeiros profissionais em 1980. De uma turma de 30 (trinta) alunos, formaram-se apenas algo em torno de 10 (dez) engenheiros. Mas já representou um avanço.

Talvez seja interessante destacar que havia, praticamente, um choque de culturas no início do processo de industrialização de Manaus.

Multinacionais de países desenvolvidos vinham se instalar em Manaus buscando os benefícios dos incentivos fiscais.Mas encontravam uma grande distância entre a realidade do nosso sistema educacional (poucos formandos e escolas com infraestrutura inapropriada, por exemplo) e suas formas de trabalho. As velocidades de atuação das indústrias e da academia não se combinavam. Quando a Zona Franca foi concebida, combinaram com muita gente. Menos com as escolas.

Não tenho a pretensão de achar que isso foi superado. Mas o ambiente melhorou consideravelmente, sem dúvida alguma.

Isso foi ocorrendo naturalmente porque muitos dos profissionais e gestores dessas empresas foram alunos das instituições de ensino locais, viveram aqueles momentos e “traduziram” para seus chefes, muitos deles vindos das matrizes de suas empresas multinacionais, as dificuldades que perceberam quando alunos.

Ao mesmo tempo, diversas ações foram desenvolvidas para mitigar essas deficiências por parte dos agentes formadores. Algumas experiências nesse sentido eu pretendo contar nesses artigos.

O mais importante é que um ambiente de maior compreensão de parte a parte, foi sendo estabelecido.

Há muito a fazer, sem dúvida, como pretendo abordar ao longo deste texto. Mas creio que os avanços foram enormes.

2.3. Ações de C&T&I no Estado do Amazonas

As ações de políticas públicas em C&T&I, no Amazonas, ainda eram muito incipientes, no período mencionado. Para sermos justos, no País ainda não havia consciência da importância do investimento massivo em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Inovação era um conceito desconhecido que só passou a ser disseminado com alguma frequência, a partir do final dos anos 1980.

Identifiquei como esforço de mobilização coletiva relevante, nesse período, o I Encontro de Entidades de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas, promovido pela Secretaria de Planejamento – SEPLAN e pelo Codeama, em fevereiro e março de 1984, com o predomínio das instituições públicas.

Mas, a partir daí várias iniciativas de envergadura começaram a acontecer. Algumas delas serão descritas no próximo artigo.

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