Como a Tecnologia ajuda crianças autistas a ter uma vida normal

Todo ano, cerca de 800 mil crianças nascem com autismo em todo o mundo. É mais comum do que se imagina. A doença é caracterizada principalmente por dificuldades de interagir socialmente e de se comunicar. A exclusão social do autista é um desafio que vem sendo superado aos poucos, dia após dia. Hoje, soluções tecnológicas além de facilitarem um diagnóstico mais precoce, também ajudam essas crianças a terem uma vida normal como qualquer outra.

Na Universidade de São Paulo, um grupo de pesquisadores estuda uma tecnologia bastante promissora para detectar o transtorno. É o “Eye Tracking”; o rastreamento ocular. O aparelho é simples. Um monitor com quatro luzes infravermelhas na parte inferior que iluminam os olhos. As pupilar refletem a luz infravermelha e o monitor determina então para qual ponto da tela a pessoas está olhando. Simples, mas suficiente para um diagnóstico rápido e preciso. Com testes de rastreamento ocular é possível identificar traços de autismo em bebês a partir dos oito meses de idade.

Enquanto o rastreamento ocular ainda é uma ferramenta nova para um diagnóstico mais precoce, uma série de aplicativos para celular e tablet contribuem para o desenvolvimento das crianças com autismo. Se, por exemplo, tarefas cotidianas como cortar o cabelo ou escovar os dentes são desafiadoras para essas crianças, este app traz vídeos musicais que tentam tornar essas atividades mais divertidas e leves. Outros aplicativos desenvolvidos especialmente para essa galerinha ajuda na alfabetização e até criam um ambiente mais seguro e controlado no qual essas crianças se sentem à vontade para interagir, como é o caso do jogo Minecraft.

Em um caso que virou livro, o editor-chefe de games do jornal britânico The Guardian, que tem um filho com dificuldades de dialogar por causa do distúrbio, contou que descobriu nos jogos uma forma de fazer com seu filho se soltasse mais e se comunicasse melhor. Segundo ele, o espaço virtual de Minecraft foi um divisor de águas na vida do garoto de oito anos e também na relação pai e filho. Foi no jogo em que é possível construir mundos com blocos que o garoto passou a se expressar como nunca fez antes. E trouxe a experiência para além do virtual…

Nesta escola em São Paulo, a solução para estimular a interação social entre as crianças foi a criação de um parque sensorial. Com todos os equipamentos conectados, a professora emite estímulos de luz, som e inclusive atividades que incentivam as crianças a tocarem e interagirem entre si. Simples e eficaz…

E se o desafio é promover a interação sócio-afetiva das crianças autistas, uma das ferramentas hi-tech que mais apresentam resultados são os robôs domésticos. Se existe dificuldade para se comunicar com os colegas de classe, professores e até mesmo a própria família, quando são expostas a robôs, as crianças interagem com maior facilidade. No Reino Unido, a escola Topcliffe Primary, que tem 25% de alunos com autismo, usa estes robôs para ensinar fonética e jogos de memória às crianças autistas.

E entre os robozinhos, o de maior sucesso é o Leka. Esférico e cheio de luzes, o brinquedo promete transformar a vida de crianças com necessidades especiais. Desenvolvido na França, o Leka cria estímulos sensoriais através da luz, vibração, sons e movimento…

Além disso, uma série de aplicativos instalados no robozinho se traduzem em jogos divertidos e educativos para motivar as interações sociais da criança. O reflexo é uma melhora da coordenação motora e cognitiva, maior controle das habilidades emocionais e ainda um grande estímulo à autonomia. Com uma série de sensores embutidos, o Leka pode interpretar e responder à interação da criança através de comportamentos autônomos. Por exemplo, se o robô for maltratado e jogado no chão, ele reproduzirá a luz vermelha e uma imagem triste na sua tela. O objetivo é ajudar as crianças a entenderem melhor os sinais sociais e melhorar suas habilidades sociais.

Fonte: Olhar Digital

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