Foto: Freepik/@stockgiu

Com ‘pés’ inspirados em alces, robôs agora atravessam terrenos lamacentos

Uma inovação de cientistas da Universidade de Tecnologia de Tallinn (TalTech), na Estônia, promete ajudar robôs a atravessar alguns dos terrenos mais desafiadores do planeta — lama e superfícies escorregadias. Inspirada nos cascos dos alces, a equipe desenvolveu um novo tipo de ‘pé’ biomimético que melhora significativamente a mobilidade dos robôs em ambientes difíceis, como pântanos, brejos e campos cobertos de neve.

O estudo, publicado na revista Bioinspiration & Biomimetics, abre novas possibilidades para que os robôs desempenhem tarefas sensíveis, como monitoramento ambiental, apoio agrícola e resposta a desastres. Embora os robôs com pernas tenham sido estudados há décadas por sua versatilidade, terrenos lamacentos e escorregadios sempre foram um obstáculo difícil de superar.

“Terrenos lamacentos e escorregadios são dos mais difíceis para robôs — e até para animais — atravessarem”, afirma Maarja Kruusmaa, professora de Biorrobótica na TalTech e líder da pesquisa. “Esses terrenos são comuns em ambientes como pântanos e zonas costeiras, e sem as adaptações certas, os robôs não conseguem acessá-los.”

A ideia surgiu do doutorando Simon Godon, que teve a inspiração ao observar os cascos dos alces na fazenda de sua família, na França. Ao combinar seu conhecimento em engenharia mecânica com a biorrobótica, Godon propôs um conjunto de “cascos” de alta tecnologia para robôs, projetados para imitar o comportamento dos cascos dos alces na lama.

Experimentos com cascos reais de alces confirmaram a eficácia do design. Ao caminhar na lama, os cascos divididos do alce se expandem e contraem, aumentando e diminuindo a área de contato com o solo. A grande vantagem, no entanto, está em como os cascos quebram a força de sucção criada pela lama.

“A força de sucção que a lama cria torna muito difícil retirar o pé”, explica Godon. “Ao imitar o movimento do casco do alce, conseguimos reduzir essa força de sucção, tornando o movimento mais fácil para os robôs”.

A equipe replicou esse comportamento inspirado nos cascos criando pés de silicone para os robôs e testando-os em superfícies lamacentas. Os resultados foram impressionantes: os pés modificados reduziram pela metade a imersão dos robôs e a força de sucção, ao mesmo tempo em que diminuíram o consumo de energia em até 70%.

O mais notável é que, até agora, os pesquisadores não identificaram nenhuma desvantagem no novo design. “Com esse novo design, os robôs podem, em breve, ser capazes de acessar áreas antes inacessíveis—ajudando em tudo, desde o monitoramento ambiental até o socorro em desastres”, acrescenta Kruusmaa.

Fonte: Um Só Planeta/Globo.

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