Uma faixa etária que sempre teve dificuldades no mercado de trabalho, a de pessoas com mais de 50 anos, apresenta uma tendência de recuperação em algumas empresas de Bauru (SP). A aposta dos empresários é investir na responsabilidade e na experiência dos “cinquentões”.
Um dos exemplos é a presença do fisioterapeuta David José Batistela no quadro de funcionários de uma empresa de recuperação de crédito na cidade. Após anos atuando na área da fisioterapia, Batistela usa há sete anos a maturidade para falar com clientes pelo telefone.
“Cobrança não é um bicho de sete cabeças, mas também não é algo tão simples assim, porque tem um cliente do outro lado e a gente precisa interagir, se aproximar, para não haver atritos”, explica o operador de teleserviços.
Mercado de trabalho volta atenções a trabalhadores com mais de 50 anos.
Cerca de 10% dos funcionários da empresa onde Batistela trabalha foram contratados com mais de 50 anos. Todos esses “cinquentões” têm metas, horário de trabalho e exigências para cumprir assim como qualquer outro funcionário e a nova oportunidade acaba sendo um grande aprendizado.
“Eu nem sabia mexer no computador, mas a empresa me ofereceu um curso, e a gente vai aprendendo coisas novas todos os dias, e esse processo nunca termina”, atesta a operadora de teleserviços Neusa Maria Garms.
Para David José Batistela, a experiência é decisiva para o contato com os clientes — Foto: TV TEM/Reprodução
Além do aprendizado, o salário extra para quem vive de aposentadoria muitas vezes é determinante para a decisão de voltar ao mercado de trabalho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro é de mais de 74 anos. Por isso, tem se tornado cada vez mais comum encontrar profissionais mais velhos no mercado de trabalho.
Os benefícios não são para esse público, já que a dedicação e a responsabilidade também influenciam de forma positiva os colegas mais jovens.
“São pessoas que nos ajudam a sermos mais profissionais, a nos atentarmos mais a detalhes que muitas vezes os mais jovens deixam passar”, admite Pedro Henrique Rogeri, assistente de setor de um supermercado.
Pedro se referia à nova colega de trabalho, a assistente social Simone Zamaro Crepaldi, que estava desempregada há seis anos e agora se dedica à floricultura do supermercado.
Neusa Maria Garms diz que nem sabia mexer em computadores: ‘aprendizado não termina nunca’ — Foto: TV TEM/Reprodução
Segundo a consultora de recursos humanos Tatiane Souza, a tendência de contratação de profissionais com mais de 50 ou 60 anos é uma realidade no mercado de trabalho.
Segundo ela, a eficiência desse público tem feito as empresas reverem as grades salariais e programas de carreira para privilegiar este tipo de contratação.
A opinião é compartilhada pelo administrador do Poupatempo de Bauru, Paulo da Silva Neto, que admite ver nos “cinquentões” uma grande resiliência (capacidade de se adaptar às mudanças) e uma força de vontade diferenciada.
Simone Crepaldi estava desempregada há seis anos até assumir a floricultura de um supermercado — Foto: TV TEM/Reprodução.
Fonte: G1