O polo voltado para biodiversidade pode gerar mais emprego e renda ao Estado
Manaus – Com a ideia da formação de uma estrutura igual à Zona Franca de Manaus (ZFM), empresas que acrescentem valor a produtos que têm como matéria-prima e a biodiversidade da região, o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) quer tonar viável a criação de um novo polo industrial no estado do Amazonas
A ideia é defendida pelo diretor do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Fábio Calderaro, em entrevista à Agência Brasil, defendeu a criação de “vetores econômicos complementares”, de forma a usar as vocações naturais da região, decorrentes de sua biodiversidade.
“O que separa o Amazonas de outros países pan-amazônicos [países vizinhos onde há também áreas de floresta amazônica] é o fato de existir, há 53 anos em Manaus, um polo industrial consolidado. O problema é que não manufaturamos os insumos da nossa biodiversidade por lá. Produzimos eletroeletrônicos e motocicletas, mas não produzimos fármacos nem produtos de higiene pessoal ou cosméticos, obtidos a partir da biodiversidade da floresta”, argumentou Calderaro.
Segundo ele, essa é a “maior vantagem comparativa” da amazônia. “O que temos de fazer agora é transformar essa vantagem comparativa da região em vantagem competitiva; é atrelar essa economia a uma política industrial”, acrescentou.
Lei da Biodiversidade
Na avaliação do diretor da CBA, seguir o exemplo da Zona Franca de Manaus, no sentido de concentrar essas indústrias em uma área, facilitará a fiscalização de toda a cadeia produtiva de produtos e insumos obtidos a partir da biodiversidade da floresta amazônica. “Ao mesmo tempo, vai gerar atividades econômicas que poderão beneficiar a população local”, acrescentou.
Calderado ponderou, no entanto, que para essa política ser bem-sucedida, alguns entraves terão de ser superados, em especial relativos a dificuldades para a obtenção de licenças ambientais, bem como para o cumprimento de algumas obrigações previstas na Lei da Biodiversidade.
Centro de Biotecnologia
Atualmente o CBA desenvolve 26 projetos. Entre eles, Calderaro, destacou o aproveitamento de resíduos gerados na Estação de Tratamento de Esgoto da Industrial (TEI), para a obtenção de adubos, matéria-prima para a construção civil, surfactantes (detergentes), glicerol e biodiesel. “Pretendemos literalmente transformar lixo em luxo. O projeto causará impacto direto nas áreas ambientais com a diminuição de rejeitos lançados ao meio ambiente. Sem contar o desenvolvimento de novas atividades econômicas a partir de produtos com alto valor agregado”, diz o diretor.
Outro projeto destacado pelo diretor do CBA, é a chamada “produção de anticorpos”, que são usados para a fabricação de vacinas e kits de diagnósticos que hoje, no Brasil, são 100% importados. “No CBA temos uma plataforma de produção de anticorpos a partir de ovos de galinha, uma tecnologia de baixo custo e com capacidade de suprir a demanda nacional”, finaliza Fabio Calderaro.
O polo industrial da Amazônia será de grande potencial, uma iniciativa relacionada à recuperação de áreas degradadas, por meio da replicação de espécies nativas de interesse ambiental, produção em larga escala de mudas sadias de interesse econômico, a exemplo do açaí, indústrias alimentícias, farmacêuticas, borracha, bromeliáceas e a obtenção de fibras para a produção têxtil.
*Com informações Agência Brasil.
Fonte: Portal Em Tempo