Ânima Educação anuncia compra de ativos da Laureate no Brasil

Companhia paulista superou oferta de R$ 4 bi da Ser Educacional e deve assumir unidades do grupo norte-americano que no RS mantém dois campi da UniRitter, Fapa e Fadergs

Em um comunicado aos acionistas, o grupo Ânima Educação anunciou nesta terça-feira, 27, ter sido notificada pela Laureate que sua oferta vinculante pelos ativos do grupo norte-americano no Brasil foi escolhida “como proposta superior de forma definitiva”. Em um comunicado, a Laureate declara que a proposta da Ânima superou a oferta da Ser Educacional em R$ 500 milhões, entre outras vantagens – leia nota no final deste texto.

Em 13 de setembro, a Ser Educacional, quinto maior grupo educacional privado do país, informou aos acionistas a assinatura de um contrato com valor estimado em R$ 4 bilhões para a incorporação dos negócios no Brasil da Rede Internacional de Universidades Laureate. A transação marca um período de perdas de mercado na educação superior e prejuízos financeiros cumulativos das principais empresas de ensino privado do país que especulam em Bolsa de Valores.

Campus Canoas da UniRitter, controlada pela Laureate

Campus Canoas da UniRitter, controlada pela LaureateFoto: Facebook/ Reprodução

A oferta acabou superada pela Ânima, que apresentou proposta de R$ 4,423 bilhões pelos ativos da Laureate. O montante engloba o valor da empresa, R$ 3,8 bilhões, uma dívida líquida de R$ 623 milhões da Laureate que será assumido pela compradora, e futuros no valor de R$ 203 milhões referentes a vagas do curso de medicina pendentes de aprovação.

Pela proposta, o grupo Ânima também assume uma eventual multa contratual a ser paga pela Laureate à Ser Educacional no valor de R$ 180 milhões. De acordo com o comunicado, a oferta vinculante foi submetida pela Ânima em 12 de outubro.

A companhia com sede em São Paulo controla as marcas UMA (Minas Gerais, São Judas (SP), Unisociesc (SC) e Unicuritiba (PR), tem 145 mil alunos de nível superior e teve lucro líquido de R$ 694,7 milhões no primeiro semestre de 2020.

A Laureate, que obteve lucro líquido de R$ 54,7 milhões no segundo trimestre, controla as universidades Anhembi Morumbi e FMU, em São Paulo, o IBMR, no Rio de Janeiro, e a UniRitter campi Porto Alegre e Canoas, a Fapa e a Fadergs no Rio Grande do Sul, todas incluídas na transação. A companhia havia recebido em setembro oferta de R$ 4 bilhões da Ser Educacional pelos ativos. A Laureate, que tem como principais marcas a Uninassau (PE), Unama (PA) e UNG (SP) e 271 mil alunos de nível superior teve lucro líquido de R$ 54,7 milhões no segundo trimestre.

Negociação inclui repasse de instituição da Laureate a fundo internacional

Transação envolve repasse da FMU para um fundo de investimentos dos EUA

Transação envolve repasse da FMU para um fundo de investimentos dos EUAFoto: FMU/ Divulgação

A Ânima acrescentou que a proposta inclui o repasse das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) a serem adquiridas da Laureate ao Farallon, fundo de investimentos norte-americano com atuação no Brasil. “De fato, Ânima Educação e Farallon já celebraram acordo, que acompanhou a proposta para Laureate, em que o Farallon assumirá a obrigação de comprar todas as participações futuras na FMU, simultaneamente à assinatura de contrato de compra dos ativos da Laureate pela Ânima Educação”, destaca a nota da companhia.

A proposta contempla posição de caixa disponível de R$ 793 milhões no segundo trimestre e financiamentos bancários no valor de R$ 3,3 bilhões com cartas de compromisso firmadas, segundo a Ânima. E ainda considera os recursos em dinheiro do contrato firmado com a Farallon para aquisição da FMU.

Vantagens da nova oferta

Em nota, a Laureate informa que a proposta da Ânima é aproximadamente R$ 500 milhões maior do que a Ser concordou em pagar pelos seus ativos, considerando o preço de fechamento da ação da Ser em 20 de outubro de 2020. “Há também um ganho incremental de R$ 200 milhões do preço de compra que a Laureate poderia receber com base em certas métricas serem alcançadas. Além disso, a Ânima pagará a taxa rescisória de R$ 180 milhões devida à Ser”.

A companhia pretende rescindir seu contrato de transação com a Ser o mais rápido possível e entrar em um contrato vinculativo definitivo com a Ânima.

“De acordo com os termos do processo “go-shop” acordado com a Ser, a Laureate tinha o direito de solicitar e se envolver em discussões com relação a uma proposta concorrente para a aquisição de suas operações brasileiras até às 12h01min (horário de Nova York), em 13 de outubro de 2020. Antes do término do período de “go-shop”, a Laureate recebeu uma proposta concorrente da Ânima, que, em 12 de outubro de 2020, o Conselho de Administração da Laureate determinou que constituía uma proposta superior conforme definido no acordo de transação. Em 13 de outubro de 2020, a Laureate notificou a Ser da proposta concorrente e superior, e Ser tinha o direito, por um período de cinco dias úteis, de acertar a proposta da Ânima”, diz o comunicado da Laureate.

No dia 20 de outubro, em vez de apresentar uma proposta, a Ser informou à Laureate que havia obtido uma liminar parcial e temporária exclusivamente com relação à rescisão do contrato de transação e sem uma decisão sobre o mérito do proposta superior, que será tratada após a Laureate apresentar sua resposta. “A Laureate pretende exercer vigorosamente seu direito de rescindir o contrato de transação com a Ser e concluir a venda de suas operações brasileiras de acordo com os termos da proposta superior”, conclui.

Foto: Ânima/ Divulgação

Fonte: Extra Classe

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