Cronograma Nacional de implementação para o Novo Ensino Médio, lançado pelo MEC, prevê aumento do tempo mínimo do estudante na escola
O aumento do tempo mínimo do estudante na escola, de 800 para mil horas, previsto pelo Ministério da Educação no Cronograma Nacional de implementação para o Novo Ensino Médio, pode não ter efeito na qualidade de ensino. Esta é a avaliação do doutor em educação Gregório Grisa, em entrevista à CNN nesta quarta-feira (15).
Segundo ele, 40% das escolas do Brasil que ofertam Ensino Médio têm turno triplo. Ou seja, “se aumentar 1 hora para as turmas e a escola têm turnos manhã, tarde e noite, haverá gargalo de infraestrutura e recursos humanos”, disse.
Gregório defendeu um “acompanhamento pedagógico”.
“Ampliar por ampliar não significa melhorar qualidade de ensino, há de haver acompanhamento importante, para qualificar esse tempo, em alguns contextos há risco de precarizar trabalho docente.”
As mudanças foram anunciadas na última quarta-feira (14) pelo Governo Federal. O programa foca em cinco itinerários formativos: linguagens e tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional – que poderão ser escolhidos pelos alunos.
Para o professor, é “muito difícil” dizer que as secretarias estaduais de educação tenham plenas condições de realizar as alterações graduais propostas até 2024, até pelo “cenário atual político e econômico”, que indica que “os desafios e dificuldades seriam enormes.”
“Não se pode ter uma expectativa de que uma mudança curricular possa gerar aquilo que é o que a gente deseja, que é a redução da evasão do Ensino Médio e uma consolidação de etapa mais efetiva de aprendizagem dos jovens”, lamentou.
Ele ainda analisou que a estrada será longa para adaptação: “A gente vai ter um trabalho muito grande e a coordenação, do ponto de vista da União, me parece inexorável, sem isso a gente terá muita dificuldade para implementar o ensino médio.”
Foto: Luidgi Carvalho – 20.mai.2020/Estadão Conteúdo
Fonte: CNN