Dados de precisão: uma tendência para os próximos anos

Laura Chiavone, brasileira sócia da agência de tendências sparks & honey, discutiu o papel da personalização no futuro dos negócios

Dados de precisão poderão ser usados por setores como saúde, varejo e alimentação (Foto: Getty Images)

Os dados de precisão terão um impacto significativo na ciência e no comportamento de consumo das pessoas ao longo da próxima década. É o que aponta o estudo Precision Consumer 2030, realizado pela agência de tendências norte-americana sparks & honey. Para a brasileira Laura Chiavone, managing partner da companhia, os dados de precisão serão responsáveis por mudanças disruptivas em praticamente todas as indústrias a partir de 2020.

Usado prioritariamente no âmbito científico, o termo “dado de precisão” foi por muito tempo associado somente à indústria de saúde — mercado que deve alcançar US$ 96 bilhões em investimentos até 2024.

Dados de precisão são informações qualificadas e pessoais, que podem servir para a produção de soluções hiperpersonalizadas. Produtos baseados no DNA ou no plasma sanguíneo de uma pessoa são exemplos da tecnologia.

Agora, de acordo com o material reunido pela sparks & honey, quatro macrosetores também serão diretamente afetados por esse volume massivo e qualificado de dados, sendo eles: bem-estar, comércio, espaços coletivos e performance humana.

Cada macroárea reúne uma série de setores menores, como nutrição, saúdemoda, reconhecimento emocional, infraestrutura, comunidades, digital, entre outros. Justamente por isso, Laura acredita que o tema da privacidade precisa esquentar em 2020. “As empresas e os governos devem ser mais responsáveis na hora de coletar e manipular os dados das pessoas”, diz. A agência, com sede em Nova York, usou somente dados abertos em sua pesquisa — aproximadamente 63 milhões de artigos científicos e 500 mil solicitações de patentes, publicados e registrados entre 2016 e 2019. “Temos uma visão de dados muito ética”, diz Laura.

A agência também analisou outros dados, como investimentos de venture capital em determinadas áreas, menções em redes sociais e cobertura da imprensa. De acordo com o estudo, os dados de precisão serão responsáveis pela personalização máxima de produtos.

Laura Chiavone, managing partner da agência norte-americana sparks & honey (Foto: Marcus Steinmeyer)

Segundo a pesquisa, pessoas já estão dispostas a pagar até 20% a mais em produtos baseados no seu próprio DNA  atingindo em cheio setores como o de beleza e o de saúde. Para Laura, a ideia de que um produto de beleza será criado a partir do plasma sanguíneo de uma pessoa não deve assustar ninguém em alguns anos.

No campo do varejo e do design de produtos, a área de “reconhecimento emocional” deverá crescer US$ 24 bilhões até 2024. A ideia do conceito é criar produtos hiperpersonalizados, a partir de hábitos, preferências e sensações dos consumidores. “No futuro, a expressão da sua face se tornará uma commodity”, diz o estudo, que apresenta temas como varejo preditivo e design individual dentro do setor de beleza.

bem-estar também será afetado por esse novo modelo de negócio. De acordo com a pesquisa, o conceito será uma prioridade para empresas, de espaços de trabalho a infraestrutura pública. A precisão, nesse caso, será oferecer ambientes dinâmicos e adaptáveis de acordo com os indivíduos lá presentes. Para isso, tecnologias como coleta de dados urbanos em tempo real, escritórios inteligentes, blockchain e espaços 100% sustentáveis estão na lista de tendências do material.

Na área de performance humana, habilidades físicas e cognitivas que antes não podiam ser mensuradas “abrem uma era de desempenho sem precedentes”. Da mesma forma que o corpo humano deverá se transformar em uma extensão da nossa carteira. De acordo com a pesquisa, até 2030 será possível pagar uma conta com seus próprios olhos. Uma amostra desse poder é o aroma criado por uma inteligência artificial somente para “ativar” determinadas respostas emocionais nas pessoas.

“O ponto dessa pesquisa é levantar questões para os líderes da iniciativa privada sobre como esses dados serão utilizados”, afirma a executiva. “Estamos usando essas informações muito superficialmente. Isso vai mudar.”

Fonte: Época Negócios

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