Entre a sala de aula e a sala de casa: no Brasil, oferta de vagas não presenciais superou a das convencionais. Em Minas, número de adeptos da educação a distância também cresce(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 7/10/11 )
Raio-x da educação universitária mostra avanço na oferta de cursos a distância, embora em Minas modalidade presencial ainda predomine, e derrocada de programas de incentivo.
Minas Gerais, tão conhecida por ser a síntese do Brasil no quesito estatísticas, vem seguindo na contramão no cenário da educação superior. Enquanto no país a quantidade de vagas em cursos a distância superou pela primeira vez o daqueles ministrados em sala de aula, em território mineiro a oferta de graduações presenciais continua reinando. As vagas para estudos on-line avançaram, mas ainda representam pouco mais de um terço do total de cadeiras nas instituições de ensino. Os dados estão no Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com os números da conjuntura nacional e regional relativos a 2018. O levantamento mostrou também que, sem uma política forte de financiamento estudantil, alunos da rede privada estão deixando as salas de aula.
Apesar de o ensino tradicional ainda ser líder em número de vagas, a modalidade vem recuando em número de ingressantes. No estado, as matrículas presenciais chegaram a 648.554, ao passo que as inscrições para cursos a distância somaram quase um terço desse total (203.600). Mas, em relação a 2017, houve redução de 3,1% na quantidade de alunos que assistem às aulas diante da lousa e aumento de 15,6% no total daqueles que optam por se formar fora de sala de aula, diante da tela do computador.
Já quando se considera todo o Brasil, as vagas oferecidas na modalidade presencial totalizaram 6.358.534, sendo ultrapassadas pelos cursos remotos, que tiveram 7.170.567 lugares disponíveis. Minas não acompanhou a tendência nacional: as graduações que exigem o aluno em sala ofereceram 328.385 vagas, enquanto pela internet foram 193.319 oportunidades.
ESCALADA De acordo com o censo, o ingresso em cursos de graduação a distância tem crescido substancialmente nos últimos anos, de forma geral. Em uma década, essa modalidade de ensino dobrou sua participação na educação superior, passando de 20% do total de ingressantes no ensino superior, em 2008, para 40%, em 2018.
No Brasil, mudança na legislação, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, permitiu a expansão de polos, em um crescimento que tem trajetória mundial. A expectativa era de que até 2023 a educação a distância (EAD) superasse a graduação presencial também em número de matrículas. Agora, a previsão, segundo o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier, é de que a virada ocorra antes, por causa do salto no número de cursos oferecidos – aumento de mais de 50% de um ano para outro.
O crescimento da modalidade é impulsionado ainda pelo fator financeiro, de distribuição regional e de uso da tecnologia. O primeiro tem a ver a crise econômica e a falta de financiamento estudantil que faz o aluno de menor poder aquisitivo optar pela graduação a distância por ser mais acessível. O segundo se consolida pelo fato de em muitas cidades de pequeno e médio porte polos serem as únicas opções para se fazer um curso superior. “A expansão está criando uma capilaridade em todo o país”, ressalta Niskier. O terceiro se refere à mudança de comportamento da sociedade. “O jovem que ingressa hoje no ensino superior usa mais tecnologia e prefere um curso com flexibilidade de estudar em casa ou no trabalho”, afirma o presidente da Abmes.
Celso Niskier diz que, embora o setor de educação privada seja favorável ao crescimento quantitativo da EAD – até mesmo para se alcançar as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) que prevê, até 2024, 33% dos estudantes entre 18 e 24 anos cursando ensino superior –, a preocupação com a qualidade não sai do radar. “Uma boa instituição presencial vai oferecer bom EAD. Aquelas com limitações também as terão no ensino a distância. Os resultados serão melhores ou iguais ao curso presencial desde que se escolham instituições que tenham qualidade”, avisa.
Se a EAD vive seus momentos de glória, na outra ponta, nos últimos cinco anos, os ingressos nos cursos de graduação presenciais diminuíram 13%. Com uma taxa média de crescimento anual de 3,8%, nos últimos 10 anos, a matrícula na educação superior cresceu 56,4% nesse período. Em 2018,o aumento foi de 1,9%. Com mais de 6,3 milhões de alunos, a rede privada tem três em cada quatro alunos de graduação. Em 2018, a matrícula na rede pública cresceu 1,6% e, na rede privada, 2,1%.
Fies e Prouni ladeira abaixo
Recuperação recorde entra em reta decisiva
No último bimestre letivo, milhares de estudantes mineiros se debruçam sobre livros e cadernos para recuperar o tempo perdido, aprender conteúdos não assimilados e estudar em dobro para escapar da reprovação no fim do ano. Eles integram as 5.719 turmas distribuídas em todo o território mineiro e montadas no contraturno das escolas da rede estadual de ensino para atender 114 mil alunos com reforço em português e matemática. Cada disciplina oferece duas horas por semana de revisão, até o fim de novembro.