A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nessa terça-feira (18) a importação de energia da Venezuela para abastecer a subestação de Boa Vista, em Roraima. A operação será feita por meio da empresa brasileira Bolt Energy Comercializadora de Energia, que deve receber um reembolso estimado em mais de R$ 41 milhões, por meio da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).
A importação visa reduzir os custos de energia em Roraima e diminuir o valor da CCC, de acordo com o documento de autorização. A CCC é pago por todos os consumidores brasileiros na conta de luz. A importação deve durar até abril deste ano. O preço do fornecimento será de R$ 1.096,11/MWh.
Contexto: Roraima é o único estado que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e é atendido por usinas termelétricas. Venezuela enviava energia para Roraima desde 2001, mas em março de 2019 cortou o abastecimento após uma série de apagões no país vizinho. Com a importação, parte da energia das usinas termelétricas que hoje abastecem Roraima será substituída pela produção da usina hidrelétrica de Guri, na Venezuela.
Os volumes de importação de energia elétrica, bem como a identificação das usinas termelétricas a serem substituídas serão definidas diariamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e informados mensalmente para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A retomada foi viabilizada por um decreto assinado em agosto de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que autorizou o Brasil a importar energia de países vizinhos. Em dezembro do mesmo ano, a Aneel aprovou o uso da Conta de Consumo de Combustíveis para bancar a importação da energia.
A importação será monitorada pelo ONS e a Eletronorte será responsável pelo contrato de Conexão às Instalações de Transmissão com a Bolt e pela apuração, faturamento e informação dos encargos relacionados à importação/exportação de energia no Sistema Isolado de Boa Vista.
Em setembro de 2024, a Venezuela passou por um apagão de mais de 12 horas classificado por Maduro como “sabotagem” da oposição política, embora especialistas apontem para uma falha e para o colapso do sistema elétrico.
Energia em Roraima
Em Roraima, 76% da energia é fornecida gerado por óleo diesel de 14 termelétricas, considerada cara e poluente ao meio ambiente e 24% via biocombustível.
O parque térmico do estado é formado pelas usinas termelétricas de Monte Cristo, na zona Rural de Boa Vista, Jardim Floresta e Distrito, ambas na zona Oeste, e Novo Paraíso, em Caracaraí, região Sul do estado.
Roraima ainda passa por instabilidade no fornecimento. O último apagão ocorreu neste sábado (15), quando o estado ficou uma hora sem energia.
Uma das estratégias para acabar com o isolamento elétrico de Roraima é o Linhão de Tucuruí. A obra com 715 km iniciou em 2022, quando os indígenas Waimiri Atroari aceitaram a proposta de compensação do governo federal, pois 122 km de torres passam pelo território indígena. A previsão de conclusão é para este ano.
Fonte: G1.
