Salários podem chegar a R$20 mil, mas especialistas apontam questões culturais e falta de incentivos para a baixa participação do público feminino no segmento
No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres (8 de Março), apesar de o mercado registrar um tímido crescimento da participação feminina no segmento conhecido como Women in Tech (termo em Inglês para Mulheres na Área da Tecnologia), que oferece ótimos salários; porém, a participação delas ainda é considerada baixa.
Especialistas na área apontam questões culturais e a falta de inclusão e da diversidade nos modelos de negócios que podem solucionar a equidade nesse mercado que se transforma de maneira exponencial.
Dados publicados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontam que a participação feminina cresceu 60% no setor da tecnologia no período de 2015-2022. Porém, um estudo feito pela empresa de tecnologia Revelo, aponta que somente 12,7% das vagas do mercado são ocupadas pelo público feminino contra 87,7% do público masculino.
Diferentemente de outros setores, o mercado in Tech oferece benefícios bastante atraentes para seu público, um deles é a questão salarial. Para citar alguns exemplos, a função de desenvolvedor em nível Júnior (fase inicial da profissão), pode ganhar em média R$5.500,00. Enquanto o salário de uma coordenadora de segurança da Informação pode chegar até a R$20.200,00 segundo aponta o guia anual da Robert Half Talent Solutions.
Empoderamento tecnológico
Na tentativa de incentivar a participação do público feminino das futuras gerações no mercado da tecnologia, uma iniciativa da escola de educação tecnológica Manaós Tech for Kids oferece matrículas gratuitas para as meninas que desejam iniciar nesse mundo inovador. A campanha é por tempo limitado.
“Nós aqui da Manaós Tech, estamos comprometidos em impulsionar a presença feminina no mundo da tecnologia. Por isso, estamos com uma campanha provisória oferecendo a gratuidade na taxa de matrícula para todas as meninas e adolescentes que desejam se juntar a nós. Acreditamos realmente em um mercado mais diverso e de equidade de gênero”, afirma Nívia Carvalho, coordenadora pedagógica da escola.
A escola abre as portas para meninas e meninos a partir dos cinco anos de idade, utilizando metodologia pedagógica STEM (sigla em Inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), tudo aliado a muita diversão e noções de responsabilidade social.
Durante as aulas, crianças e adolescentes recebem conteúdos que iniciam com a introdução ao pensamento computacional e mecânica para robôs, chegando até à fase do aprendizado de Linguagem de Programação e Desenvolvimento de Games para as adolescentes.
“Minhas filhas foram para a escola Manaós Tech pensando que iriam fazer um robô, mas ao final do curso, elas fizeram algo muito maior e importante que foi um projeto para a Mostra Tecnológica. Isso porque a escola traz essa questão das crianças terem um contato com um projeto onde elas aprendem a trabalhar em equipe, a ter contato com a responsabilidade e ter a consciência do papel delas na sociedade”, afirma Amanda Mota, mãe de Letícia (11 anos) e Lara (9 anos) que criaram um protótipo chamado “Sistema de Alerta contra Enchentes”, com o objetivo de ajudar pessoas que moram em áreas de risco em Manaus.
Para saber mais informações sobre a campanha de matrícula gratuita para as meninas, basta entrar em contato pelos telefones: (92) 99103-8067 e (92) 98121-0730.
Mudança cultural, inclusão e diversidade
Na visão da subsecretária de Ciência e Tecnologia para a Amazônia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Tanara Laushner, a baixa representatividade de mulheres no mercado in Tech depende de uma mudança cultural aliada à inclusão e à diversidade para além das empresas.
“Todos os anos, o Fórum Econômico Mundial faz um relatório sobre a lacuna da participação das mulheres no mercado da tecnologia em todos os países. Esse relatório aponta que um dos fatores para o desenvolvimento dos países é a quantidade de mulheres nas áreas STEM. No Brasil, do total das pessoas que se formam nas áreas de STEM, menos da metade são do sexo feminino. É algo que quanto mais houver incentivo para a participação das mulheres, mais vamos ter um desenvolvimento do país como um todo”, salienta Tanara.
No ano passado, o MCTI lançou a 4a. Edição do Programa Mulheres Inovadoras que tem a proposta de estimular o empreendedorismo inovador feminino por meio da aceleração de startups. A iniciativa oferece financiamento de projetos inovadores com taxa de juros reduzida. O Programa já contribuiu para a aceleração de 82 startups.
Para Marcela Pessoa, Doutora em Informática e coordenadora do curso de Sistemas de Informação da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA), existe um aumento no número de mulheres que ingressam nos cursos, mas ainda são minoria quando comparado ao quantitativo de homens.
“Elas estão mais atuantes dentro dos cursos, porém ainda há muitas dúvidas sobre ingressar ou não em curso superior de Tecnologia. Há alguns dias, atendi uma aluna que havia passado em dois vestibulares, um deles era na área de TI (Tecnologia da Informação). Ela veio conversar comigo, pois achava que a área é muito masculina e eu tive que desconstruir essa ideia na cabeça dela”, revela a professora.
Marcela observa que, “embora o crescimento de mulheres nos cursos de Tecnologia seja pouco expressivo em relação à quantidade, ele vem sendo mais significativo na forma como elas estão se posicionando e ocupando seus espaços no mercado”.
Para a professora de Educação Tecnológica, Aline Ribeiro, o ensino-aprendizado na área STEM pode transformar vidas e permitir a realização de sonhos.
“A Tecnologia me proporcionou muitas oportunidades, me permitindo trilhar caminhos antes inimagináveis. Ensinar sobre tecnologia é, para mim, compartilhar esse sonho com outras pessoas, principalmente, com outras mulheres, demonstrando o quão importante ela é para a sociedade”, revela Aline.
*Texto: Sidia Ambrosio/Assessoria de Imprensa
Fonte: Sidia Ambrosio/Assessoria de Imprensa.