Do Enjoei à Miami: as inspirações da Muma, a startup de móveis assinados

O marketplace do arquiteto Matheus Pinho vai passar a marca de R$ 20 milhões em receita este ano

O pernambucano Matheus Pinho ainda era um estudante de graduação no fim da década de 2000 e já conciliava a dupla jornada que daria origem à sua veia empreendedora. Enquanto trabalhava para um escritório de arquitetura de Recife que levava clientes para comprar móveis assinados em Miami, também tirava parte das noites para ajudar Ana Luiza McLaren e Tiê Lima a estruturar um blog até então desconhecido, o Enjoei.

Pinho foi o primeiro funcionário do brechó online, ainda na fase pré-Monashees. Foi lá que conheceu o conceito de marketplace, onde “você pode vender sem precisar de estoque”. No estágio da graduação, o soon-to-be arquiteto se incomodava com a escassez de lojas de móveis de design mesmo estando em uma das principais capitais do país.

Do incômodo, surgiu a Muma, uma startup de móveis assinados por arquitetos emergentes que nasceu na lavanderia de um coworking em Recife, mas ganhou tração em São Paulo – onde acaba de abrir sua terceira e maior loja. Neste ano, a empresa deve passar da marca de R$ 20 milhões em faturamento, um crescimento de 15% em relação ao ano passado.

A companhia quer atingir a classe B e ser opção de móveis baratos para a classe A. Se tudo der certo, a startup também terá lojas com o mostruário no Rio de Janeiro, Brasília e, num futuro mais distante, na Colômbia.

Fundada em 2013, a Muma nasceu como um marketplace que ajudava a disseminar na internet os móveis concebidos por criadores que nem sempre conseguiam fazer o produto ganhar popularidade no mercado. Naquela época, quem estava fazendo algum barulho era a Oppa, um ecommerce cuja proposta era vender móveis com design a preços acessíveis – o negócio atraiu fundos como a Monashees e Kaszek e anos depois foi comprado pela Meu Móvel de Madeira.

A diferença é que a Oppa não era um marketplace e tinha seu próprio catálogo e estoque. “Venho de uma família em que ninguém é empresário, todo mundo é médico ou funcionário publico. Então, a Muma surgiu como um site sem estoque, como era o Enjoei”, diz Pinho, que até hoje é próximo do brechó online (é membro do comitê de auditoria da companhia).

Matheus Ximenes Pinho, fundador da Muma: nova guide shop em Moema — Foto: Carol Carquejeiro/Valor.

Com um portfólio de 14 mil SKUs (a maior parte de móveis desenhados exclusivamente para a Muma e cerca de 2,5 mil itens assinados por arquitetos), a empresa criada por Pinho começou a mudar de escala em 2017, quando participou de uma incubação no Porto Digital, polo de inovação criado por Silvio Meira no Recife, e fez o primeiro e única rodada da história da companhia. Por 15% do capital, um fundo de empresários pernambucanos investiu R$ 2 milhões.

Com os recursos, a Muma melhorou a experiência do site, investiu em tecnologia para aprimorar o sistema de cálculo de frete e abriu na capital pernambucana a primeira guide shop – loja mostruário com alguns dos itens mais vendidos.

“Foi um estouro de venda. Muita gente não tinha tanta segurança de comprar coisas tão caras pela internet e a loja física passou essa credibilidade e as vendas no site crescerem absurdamente”, diz o fundador. “O cliente vê que a Muma existe de verdade.”

Se uma loja em Recife já ajudava tremendamente, por que não repetir a dose em São Paulo — que já era o principal mercado da companhia. Aberta no bairro boêmio da Vila Madalena, na zona oeste paulistana, a guide shop ajudou fez vendas da companhia dobrarem em 2018. A nova unidade paulistana fica em Moema.

Hoje com 55% do capital da empresa, Pinho não se recusa a conversas com investidores, marcas de móveis e outros marketplaces, mas vem conseguindo crescer com a própria geração de caixa. “Gosto muito da tranquilidade de não ficar prestando contas toda hora. Nosso foco é ter margem para continuar crescendo”.

Além do fundador, o quadro de sócios da Muma é composto Diego Ortiz (CTO) e Carolina Lumack (COO), que têm 30% do negócio. O restante pertence aos investidores pernambucanos que apostaram no negócio há cinco anos.

Fonte: Pipeline

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