Hector Augusto Martins iniciou a graduação em análise de sistemas aos 14 anos, em agosto de 2019. Ele foi aprovado no mestrado em matemática aplicada, na Unicamp.
Aos 14 anos, o estudante de Sorocaba (SP), Hector Augusto Martins, buscava conciliar o ensino médio com um curso de graduação em análise de sistemas. Agora, aos 17, ele está prestes a iniciar um mestrado na área de matemática aplicada, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Em junho de 2019, o jovem conseguiu o direito de ingresso na Fatec Sorocaba, com uma liminar da Justiça. Na época, foram apresentados vários documentos ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), além de uma declaração de maturidade.
Hector possui uma inteligência considerada acima da média e chegou a avançar dois anos no ensino médio, com uma autorização da Justiça, de forma que a conclusão dos estudos pudesse ocorrer em dezembro de 2020.
Nesta quarta-feira (10), é comemorado o Dia Internacional da Superdotação. Em entrevista ao g1, o jovem Hector explicou como está sendo essa nova fase da sua vida.
“Pela experiência que tive na faculdade e nas reuniões do grupo de pesquisa, é bem tranquilo, como na graduação. Como eu já trabalho faz um ano como engenheiro de software para uma empresa no mercado financeiro, a pós fica mais como um ‘hobby’.”
De acordo com Hector, a conquista da aprovação no mestrado é algo que trouxe muita felicidade para ele e para a família. As aulas se iniciam na segunda quinzena da de agosto, o que já traz grandes expectativas.
“Espero conseguir desenvolver uma pesquisa significativa na área que gosto e ter contato com pessoas e grupos que partilham desse meu interesse. Considerando que a Unicamp é uma instituição ótima com suporte para pesquisa, vejo que essa é uma das melhores oportunidades para mim.”
Caminho difícil
Na graduação, o jovem se dedicou a pesquisar sobre computação quântica e inteligência artificial. Ele foi emancipado aos 16 anos e, atualmente, mora em Campinas.
“Tenho saudades da minha mãe e do meu cachorro, além de ser estranho não estar perto de amigos e familiares para visitas e encontros esporádicos. Minha mãe está bem, já passou por esse processo quando minha irmã mais velha foi para a faculdade e a gente já tinha conversado sobre isso antes.”
Ao g1, a mãe de Hector, Rogéria Pereira, contou que está feliz pelo filho e que vê-lo criar sua própria independência era algo para o qual ela já vinha se preparando.
“Temos os dois lados: a saída precoce dele, mas eu já estava preparada. Porém, a preocupação de mãe sempre existe e faz parte do processo. A segunda é que olhando pelo que passamos, pois foi um caminho bem difícil por falta de diagnóstico correto, penso que vencemos. Fico feliz por ele ter se encontrado e muito orgulhosa pela pessoa que está se tornando.”
Aprovação no vestibular
Hector passou em 13° lugar no curso de análise de sistemas da Fatec de Sorocaba. Em 2020, o jovem começaria o primeiro ano do ensino médio, mas a Justiça o autorizou avançar dois anos de estudo.
“Foi bem tranquilo, a minha sala me acolheu bem e não fui julgado pela minha idade. Eu tive um pouco de insegurança e estive em um ambiente novo, mas nunca pensei que isso seria algum tipo de problema, não acho ruim.”
Rogéria Pereira viu o filho alçar voo antes de completar 15 anos. Para ela, a entrada dele na faculdade foi um alívio, pois o adolescente estava entrando em depressão ao não se sentir desafiado.
“A Fatec salvou a minha vida e a dele também. Ele está se dedicando muito mais. O coração de mãe sabe que ele está feliz agora”, explica.
Fonte: G1 Sorocaba e Jundiaí