Startups: Demissões afetam emocional do trabalhador e também o próprio trabalho, diz especialista

As demissões nas startups revelam um mercado em busca de profissionais qualificados (Imagem: Magnet.me/Unsplash)

As startups no Brasil sentem uma onda de demissões de profissionais especializados. O movimento pode refletir uma fragilidade no setor e na saúde mental desses trabalhadores.

Essa relação, entre o trabalho e a saúde mental, é direta. É o que defende a head de pessoas e cultura da plataforma para engajamento e desempenho de colaboradores Feedz, Camila Bonetti.

Déficit de profissionais qualificados em tecnologia

Mesmo demitidos os profissionais, em grande parte, encontram recolocação rapidamente, indicando que a demanda por mão de obra de tecnologia segue intensa no país.

O levantamento da Robert Half, empresa de recrutamento de trabalhadores qualificados, aponta para criação de 19.376 vagas para estes profissionais no primeiro trimestre deste ano, sendo que o setor de tecnologia liderou o ranking entre os 19 pesquisados, com saldo de 5.775 vagas. Os números são do Ministério do Trabalho.

Para Camila, da Feedz, apesar da onda de demissões, o mercado de tecnologia como um todo ainda tem um déficit de profissionais qualificados quando falamos de experiência em empresas do ramo e alto crescimento.

“Isso acontece pois o próprio mercado é relativamente recente então os profissionais com vivência nesses cenários são escassos. Esse é um dos motivos pelos quais a recolocação ocorre rapidamente”.

Pandemia e maior demanda por mão de obra

Com a pandemia da Covid-19, negócios que não haviam considerado o trabalho remoto começaram a adotá-lo para proteger seus funcionários. E muitas empresas mantiveram esse modelo.

As tecnologias, nesse sentido, servem de apoio, pois muitas ações que antes eram realizadas no formato presencial precisaram ser adaptadas com o uso de alguma tecnologia, integrações, treinamentos, controle de ponto, entre outras diversas atividades recorrentes no RH, por exemplo, inclui a especialista.

Isso fez com que empresas relacionadas com tecnologia alavancassem nesse período aumentando a demanda por mão de obra na área, que foi necessária tanto em empresas do setor quanto em outros negócios.

Sobre o home office e a semana mais curta que vêm sendo amplamente adotados pelas startups de tecnologia, Camila defende que é importante entender que muitas das novas configurações de trabalho funcionam muito bem para certos modelos de negócios e times. “Porém não vão ser acessíveis para todos mesmo em uma empresa de tecnologia”, ressalta.

Trabalho e saúde mental

Para a especialista, a escassez de mão de obra para esse mercado faz com que muitos profissionais tenham a possibilidade de fazer escolhas em relação ao trabalho.

“Quando falamos de tecnologia, inovação, criatividade e solução de problemas de forma rápida são um pilar para todos os profissionais independente de cargo ou equipe. Uma boa saúde mental melhora a capacidade dos profissionais de inovarem, solucionarem problemas e tomarem melhores decisões”.

Assim, o equilíbrio entre o salário e os benefícios de bem-estar, clima e saúde mental nas organizações tem se tornado um critério de escolha dos candidatos.

Mas há um obstáculo: o medo do desligamento. Em qualquer ambiente, ele é um entrave para inovação e solução rápida de problemas. “O medo da demissão se encaixa nesse cenário e afeta não só o emocional do trabalhador mas também o seu próprio trabalho, que será menos inovador e mais focado no padrão existente”.

Para ultrapassar isso, “é papel da gestão gerenciar esses receios e mostrar ao time os meios de desenvolvimento existentes nas organizações, os possíveis caminhos alternativos a uma demissão” e, quando ela ocorre, cabe apoiar esse profissional, finaliza a especialista.

Fonte: Money Times

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