Estudo mostra que 13 empresas que pertencem atualmente ao Ibovespa fundaram CVCs neste ano, contra oito em todo o ano de 2021
A indústria de corporate venture capital (CVC), ou fundos de empresas para investimento em startups, cresceu entre as companhias brasileiras na bolsa no primeiro semestre de 2022, ainda que o cenário para os negócios em estágio inicial no país, e no mundo, seja cinzento, com onda de demissões e redução de captações de recursos.
Um estudo preliminar da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) mostra que 13 empresas que pertencem atualmente ao Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fundaram CVCs neste ano, contra oito em todo o ano de 2021.
Para se ter uma ideia, o número de janeiro a junho é um pouco menor do que o visto no acumulado dos dois anos até o final de dezembro passado, de 15.
“No Brasil, o mercado de CVC acordou para valer tem uns dois anos. Uns quatro anos atrás tinha uma ou outra empresa e há sete anos tinham três ou quatro”, disse Sandro Valeri, coordenador do comitê de CVC da Abvcap.
Entre as empresas listadas no Ibovespa que anunciaram fundos de CVC nos últimos meses estão gigantes de diversos setores como a mineradora Vale, a produtora de celulose Suzano, a operadora de telecomunicações Telefônica Brasil e a varejista Lojas Renner.
Para Newton Campos, coordenador do centro de estudos em private equity e venture capital da FGV EAESP, essas empresas podem ser vistas como “latecomers (retardatárias)”, à medida que o cenário de juros baixos, que abriu espaço para o desenvolvimento de diversas startups, já passou.
Ele disse, entretanto, que “há espaço” no mercado, especialmente porque trata-se de uma estratégia de longo prazo.
“Estamos em uma situação estranha, para não dizer engraçada: um monte de empresa conseguiu desenvolver sua política (de inovação) agora, mas os juros aumentaram”, disse ele. “No curto prazo, a situação está feia…mas no longo prazo todo mundo sabe que vai ter que se modernizar”, acrescentou.
O diretor de estratégia e novos negócios da Lojas Renner, Guilherme Reichmann, admite que o negócio tem “um pêndulo de mercado“, mas afirmou que o cenário à frente é positivo.
A varejista anunciou em março o RX Ventures, fundo de CVC com 155 milhões de reais para aportes em ao menos dez empresas em segmentos como varejo de moda, logística, soluções financeiras e marketing.
“Sim, tem outros grupos que saíram com viés de inovação antes, mas muitos porque era o negócio principal para eles”, disse Reichmann. “A gente não acha que é um mau momento para se lançar CVC, o nosso ciclo é de quatro anos de investimento e quatro anos de desinvestimentos nas empresas. Vemos retorno do nosso investimento.”
Startups em todo o mundo viram a vazão das captações diminuir nesse ano diante da alta global das taxas de juros, após bilhões injetados no setor em 2021.
Fonte: CNN Brasil