Desenvolver pessoas, envolver e motivar gente, conhecer bem seu time, saber lidar com o comportamento dos colaboradores, são só alguns dos tantos atributos do líder. Afinal, é o capital intelectual em prol do crescimento das organizações. Em tempos de tantas transformações, como ter à frente um líder capaz de engajar, influenciar e inspirar pessoas?
Além dos personagens lendários dos livros de História, nas décadas recentes nos acostumamos a algumas figuras de liderança emblemáticas. Homens que criaram e desenvolveram impérios, empresas bilionárias e gigantes do mercado.
Geralmente, esses líderes, eram (são) pessoas oriundas de famílias humildes, mas com valores morais bem delineados. Estudaram muito, deram duro e souberam plantar suas sementes no mundo dos negócios.
Depois vinha a colheita, quando os lucros subiam estratosfericamente. Tudo há seu tempo! Um tempo mais camarada e preguiçoso! Caminhando em terras férteis, os ventos sopravam favoravelmente, já que o mundo se desenvolvia de vento em popa, os recursos eram mais abundantes, além de a concentração de rendas não ser tão injusta como agora, o que permitia que pessoas do povo conseguissem um lugar ao sol, oportunidades e podiam ficar milionárias, transformando-se em líderes.
Entretanto, naquele momento, as habilidades do líder não eram tão exigidas. Para Adilson Barroso, administrador, pós-graduado em Gestão de Pessoas e diretor de TI da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM), nos tempos da revolução industrial o cenário era diferente, com uma produção limitada, pouca concorrência e sem leis trabalhistas. “Neste cenário não havia necessidade de liderança (não que não houvesse), pois a mão de obra era farta, desqualificada e barata, tudo o que era produzido, com qualidade ou não, fatalmente era vendido, ordens dadas por um chefe tinham de ser cumpridas ou perdia-se o emprego de forma imediata e sem direito a qualquer compensação”.
Hoje, o panorama é bem diferente, como diz Adilson “agora o trabalho é regulamentado, a concorrência é acirrada, os produtos são cada vez mais inovadores e o cliente está cada vez mais exigente”.
Não dá mais para se manter produzindo como os concorrentes, o que pode valer o fim da viagem para algumas empresas. Assim é preciso desenvolver alguns diferenciais competitivos como inovação, atendimento de qualidade, agilidade e produtividade dos processos, e para que tudo isso funcione bem é “essencial a atuação de líderes de visão, com perfil inspirador e servidor, um líder ética e socialmente responsável, um líder com Mente de Mestre”, completa Adilson que também atua como instrutor Master Mind.
Da nau à nave espacial
A dificuldade atual é reconhecer e formar bons líderes (jovens) capazes de ampliar o foco da lente e muito mais que ver, enxergar holisticamente os cenários local e global, e se situar diante do comando de suas equipes, percorrendo um caminho desconhecido e instável.
O sentimento de imprevisibilidade e incertezas é o que muitas vezes Cristóvão Colombo deve ter experimentado durante a viagem rumo às Índias e que o obrigou a mudar a rota. Hoje, as equipes estão numa nave espacial e o líder tem que direcionar o time, um dos dilemas do século XXI é encontrar um porto seguro.
Numa sociedade líquida, como descreveu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, referindo-se às relações efêmeras e impermanentes da contemporaneidade, em que “quase” nada se estabelece por mais de uma semana, como desenvolver características de liderança nesse pessoal que nasceu num mundo em que a velocidade da vida é tão rápida quanto dessa nave, e não há tempo para consolidar valores éticos, morais e comportamentais tão primordiais a um bom líder?
Afinal, os bons líderes consagrados e outras referências mundiais estão envelhecendo, se aposentando e indo embora. Hoje uma safra de Anitas, Pabllos Vittares e etc. são inspirações pra maioria da garotada…
O condutor de gente
Algumas características são atribuídas aos bons líderes e encontrei no site do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) o artigo “Os cinco maiores líderes da história mundial”, que lista Bill Gates, Walt Disney, Nelson Mandela, Steve Jobs e Martin Luther King como os “the best”. São ou foram líderes que conseguem (iram) contagiar pessoas com as suas ideias, influenciando positivamente o ecossistema e transformando pessoas e cifras.
Essas características incluem conhecimento sobre si mesmo (qualidades e limitações), proatividade, boa comunicação (boa oratória) com os demais.
O bom líder conhece (e sente) a personalidade de cada um dos seus liderados e, portanto, consegue extrair o melhor de cada um. Mas o líder é também um parceiro. Ele se coloca em pé de igualdade, porque sabe que ele é só um elo da corrente e é isso que o aproxima da equipe. Uma posição de afeto, compaixão e respeito pelo colega de trabalho, cimenta um relacionamento mais humano e fraterno.
Mas a mágica do bom líder só acontece se esse relacionamento for verdadeiro e fiel! A gente vê muita gente em cargo de liderança, mas que não age como tal. Demonstrando claramente preferências, se relacionando de forma diferente entre os liderados ou quando acaba impondo seu pensamento mesmo se dizendo receptivo às novas ideias, por exemplo.
O bom líder motiva, porque traz na sua essência a semente da coragem. Compartilha as questões e assume as decisões sem medo de se expor. Errei, desculpa ou parabéns, acertamos!!! Fazem parte do repertório do bom líder. Ninguém ganha o tempo todo até porque são nas tempestades como as que Colombo enfrentou que se encontram novos caminhos, rotas alternativas e soluções.
Treinando a mente
Na segunda-feira participei do Workshop “Líder com Mente de Mestre”, cortesia da Master Mind do Brasil, com a instrutora Cleiva Coelho, a qual nos apresentou a biografia do escritor Napoleon Hill, que entrevistou mais de 500 pessoas, em 20 anos.
Essa pesquisa resultou no livro “A Lei do Triunfo” e passou a ser o primeiro tratado mundial para a formação de líderes. A ideia central que inspirou Hill foi perceber que vencer os obstáculos psicológicos, responsáveis pelo insucesso de muitas lideranças, levava as pessoas ao sucesso. Daí ele desenvolveu a filosofia do Master Mind, que é construir a mente brilhante.
O objetivo é oferecer treinamentos de alta performance que elevem o potencial dos líderes. Conforme Adilson, os treinamentos Master Mind “empoderam o participante desenvolvendo habilidades de liderança, inteligência interpessoal e comunicação eficaz, e competências de autoconfiança, flexibilidade, controle de preocupações, memória e entusiasmo”.
Da mente ao coração
Mas de todos os líderes, sejam os anônimos nas comunidades ou nas esquinas da vida, sejam os famosos, não se pode deixar de dizer do maior de todos. Até porque seu propósito nunca saiu de moda e vem, há milênios, provocando profundas reflexões em todos nós.
Sim é ele: Jesus Cristo”. Não vou entrar no mérito religioso, mas observar seu instinto de liderança e sua influência sobre o planeta, pois, mesmo que há quem refute suas ideias, no mínimo, sua importância e representação não passam incólumes em nenhum canto do mundo. Se Jesus tivesse perfil no facebook, seria difícil Mark Zuckerberg criar tantas casas decimais para as “curtidas”.
O Jesus histórico apresenta características dos líderes: reconheceu e selecionou sua equipe, repartiu seus conhecimentos, foi perseverante, determinado, companheiro. As pessoas abandonavam suas casas e o seguiam, porque acreditavam no seu projeto.
Seu poder de convencimento, suas ações e reflexões veem influenciando todas as gerações e sua mensagem nunca foi apagada ou esquecida. Mais que treinar a mente, Jesus nos deixou uma mensagem de amor, provavelmente essa seja a maior lição desse líder! Amar as pessoas, gostar de gente!